Em Casa de Juremeiro só quem assobia é Caboclo
Nos tempo muito antigo, dizia um índio, nosso povo enfrentou uma grande falta de alimento
Foram pedir a intercessão de Deus Monan, O Poderoso
O Pajé preparou a Jurema e bebeu da ciência e dançou e cantou por três dias e três noites
Já cansado, na terceira noite, Monan se revelou
Está vendo o Cruzeiro do sul?
Esse é o Mutum Real, Pai de todos os mutuns
Vou te ensinar como chamar
Ele vem depressa ficar
Uns são para comer
Outros para criar
Mas os da mata não ouse caçar
Se fores verás que são índios que foram com o pai morar
Mas se na mata estiveres
Sem saber por onde andar
Chame Mutum que se ele vier
Animal feroz não há.
Daí o pajé ouviu de Monan um assobio do Mutum real
Quando repetiu o assobio
Muitos mutuns vieram dóceis para a ocara - praça, da aldeia
Os mutuns são dóceis
Servem de alimento
Servem de aviso
Onde tem mutum não tem perigo
Por isso cuidado com o assobio
O perigo vem pegar o mutum e encontra quem assobiou
Só o Caboclo sabe a hora certa de assobiar
História contada por seu Antônio do Boiadeiro Tangerino e registrada por mim.
Marcelo Galvão, 12 de junho de 1982