quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Realeza do Dahomey e o culto doa voduns mortos


Realeza do Dahomey e o culto dos Voduns mortos

No Benim, existe uma classe de voduns denominados “Voduns Reais”, formada pelos antigos dirigentes do Dahomey e pessoas da corte que, em vida, realizaram grandes feitos. Dentre estes voduns, os de maior status são os pertencentes à família real de Abomey, sendo ancestrais divinizados. Em geral todas as famílias possuem em suas casas espaços consagrados a adoração de seus ancestrais.

Por ocasião da morte, os vários ritos fúnebres permitem ao morto integrar-se ao seu novo mundo. A família presta homenagens aos mortos em sinal de respeito, submissão e luto. Alguns pertences são enterrados junto com o morto para que não se torne “impotente” em sua nova fase da vida, acarretada pela morte. São feitas muitas oferendas, que serão divididas em três partes; uma parte será enterrada com o falecido, outra parte será divida entre as crianças e ainda uma outra para os chefes de cerimônia. Nas cerimônias reais, ao morto são oferecidas algumas regalias que serão enterradas com ele, como guarda sol, pequenas cadeiras, etc.

Os tambores ao toque de sató homenageiam os mortos. São tocados com duas varetas curvas, uma simbolizando o macho e a outra a fêmea. Enquanto os tambores cantam, mulheres velhas cobertas de lama, usando colares de ráfia, assumem o papel de viúvas. Elas vão para a fonte sagrada chamada yatonou (yató-nu) para purificar-se (elas lavam a lama) e adiam a morte e as maldições.

O morto não recebe o rito fúnebre, não havendo fase de “separação”, ele pode continuar a passear entre os vivos e assombrá-los.

A próxima fase tem como objetivo recriar a sua identidade e é transformada em antepassado. Este novo status vai permitir aos mortos participarem na vida da comunidade e serem vistos como guardiões da tradição. A sacralização do ancestral é feita com a criação de um altar denominado “Assen”. O Assen é uma espécie de bengala de ferro, adornado com várias figuras e desenhos e serve de altar portátil para o ancestral. Algumas  vezes o Assen perde seu caráter de bengala e conserva a somente o de altar sobre o qual se fazem as oferendas aos ancestrais. Cada Assen serve apenas para um ancestral, mas, às vezes, um único ancestral possui mais de um Assen ofertado por várias pessoas e membros da família. Ao se tratar de um rei ou pessoa importante, este altar é sobremontado.

Ao contrário, porém, dos mortos familiares, que são particulares de cada família, o culto Real ganha status populacional, sendo que estes ancestrais são divinizados e tornados Voduns mortos e são cultuados antes mesmo que os Voduns Hevioso, Mawu-Lissá e Dan, sobrepondo assim o poder da família real. 

Os Voduns Reais se dividem em três categorias principais:

1) Axosu ou Ahosú (lê-se arrôsú): são os antigos reis mortos;

2) Nesuxué ou Nesuhue (lê-se nêssurruê): príncipes e princesas mortos;

3) Tòxosú ou Tohosu (lê-se tôrrosú): crianças deformadas e mostruosas filhos de reis;

Os primeiros a serem louvados nas cerimônias são os Ahosu, os reis antigos. A corte canta os feitos destes reis em sua passagem pela terra.

Após o culto de Ahosu, são louvados os Nesuhue – príncipes e princesas – o príncipe nesuhue, de espada na mão, vestindo as roupas dos príncipes de outrora, em passos de dança reservada para os reis e príncipes mostra sua força, bravura e real invulnerabilidade.

Por fim, é chegada a vez dos Tohosu (cujo nome significa “rei das águas”) que são as crianças nascidas anormais. Geralmente cada Ahosu tem um ou mais Tohosu. O mais importante deles é Zomadonu, filho do rei Akaba, seguido de Kpelu – filho do rei Agajá e primo de Zomadonu, e Adomu filho do rei Tegbesu. 

No Brasil, o culto de voduns reais ou pelo menos traços dele, se encontram somente na Casa das Minas, fundada pela rainha de Abomey – Ná Agontimé, consagrada ao vodum Zomadonu.

Kwerebentan to zomadonu


A Casa das Minas (Kwerebentan to Zomadonu) e o Tambor de Mina.




A Casa das Minas
Casa das Minas é o terreiro de tambor de mina mais antigo de São Luís. Foi fundada em 1840 por escravizadas(os) africanas(os) procedentes de Dahomey, atual República do Benin. As(Os) africanas(os) denominavam a Casa de Querebentã de Zomadonu. A fundadora do terreiro, conhecida como Maria Jesuína, era consagrada ao vodun Zomadonu, o dono da casa. Segundo as pesquisas realizadas por Pierre Verger revelaram que a Casa das Minas foi fundada pela rainha Nà Agontimé, viúva do Rei Agonglô (1789-1797) e mãe do Rei Ghezo do Daomé. Em Colóquio da UNESCO, em São Luís, no ano de 1985, para discutir Sobrevivências das Tradições Religiosas na América Latina e Caribe é assinalado que:“A casa fundada no Brasil pela Rainha Agontimé, mãe do Rei Ghezo, condenada à deportação a seguir a um ajuste de contas no seio da família real, antes que seu filho ascendesse ao trono do Dahomey em 1818 e lançasse uma vasta operação de busca a sua mãe. A comunidade da Casa das Minas, com base na família, continua a tradição religiosa real de Zomadonu […]” (UNESCO: 1986, p. 34). A Casa das Minas possui uma organização matriarcal, sendo, portanto, chefiada por mulheres. Começando pelas mães: Na Agontimé, Luísa, Hosana, Andresa Maria (uma das mães mais conhecidas da Casa das Minas, que a governou entre 1914 e 1954)e Leocádia (Vodunsi Gonjai). Depois vieram as mães: Anéris Santos, Manoca, Filomena, Amância, Amélia Vieira Pinto até chegar à Mãe Deni. Mãe Deni, vodunsi de Toi Lépon, é a nona dirigente da Casa. Os voduns da Casa são agrupados em quatro famílias principais: Davice (a mais importante); Dambirá; Quevioso; e Savalunu. Tambor de Mina é o nome dado à religião de origem africana no Maranhão. O modelo de organização dos terreiros de tambor de mina é muito influenciado pela Casa das Minas que foi tombada pelo IPHAN em 2002.
Os Voduns do Tambor de Mina
Os voduns cultuados na Casa das Minas são em sua grande maioria vindos da cultura do povo Gen do sul do Benin, e estão sob o comando de Zomadonu, embora a grande comandante da casa seja Nochê Naé.
“O panteão da Casa das Minas”
“Embora a Casa das Minas não tenha originado outras casas de culto, sua estrutura e panteão tem sido um modelo para outras casas.
Os voduns, deuses do povo fon ou jeje são forças da natureza e antepassados humanos divinizados. Os voduns cultuados na Casa das Minas estão agrupados nas famílias de Davice, Dambirá, Savaluno e Queviossô (Ferretti, 1989, 1996).
Alguns voduns jovens chamados toqüéns ou toqüenos cumprem a função de guias, mensageiros, ajudantes dos outros voduns. São eles que “vêm” na frente e chamam os outros. Têm cerca de quinze anos de idade, podendo ser masculinos ou femininos, pertencendo a maioria à família de Davice. Nos clãs de Quevioçô e Dambirá são os voduns mais jovens que desempenham esse papel.
Além dos voduns, fazem parte do panteão da Casa das Minas as Tobôssis, divindades infantis femininas, consideradas filhas dos voduns, recebidas pelas dançantes com iniciação plena, as chamadas vodúnsi-gonjaí. As princesas meninas não vêm mais na Casa das Minas. Com a morte das últimas vodúnsi-gonjaí, parte do processo de iniciação se perdeu, de modo que as dançantes remanescentes não tiveram iniciação no grau de gonjaí, de senioridade. E as Tobôssis não vieram mais na Casa das Minas. Diferentemente dos voduns, que podem manifestar-se em diferentes adeptos, a Tobôssi, na Casa das Minas, é considerada entidade única, exclusiva de sua vodúnsi-gonjaí, e que desaparece com a morte da dançante que a recebia, não se incorporando depois em mais ninguém.
Os voduns e suas famílias
Conforme estudos exaustivos de Sérgio Ferretti já citados, assim se configura o panteão dos voduns na Casa das Minas, família por família:
Família de Davice
A Família de Davice reúne os voduns da família real do Abomey, no antigo Daomé, atual Benim, e é composta dos seguintes voduns:
Nochê Naê, Mãe Naê – a vodum mais velha e ancestral mítica do clã. Chefe das Tobôssis e considerada a Mãe de Todos os Voduns
Zomadônu – o dono da Casa das Minas e chefe de uma das linhagens da família de Davice. Rei e pai dos toqüéns Toçá e Tocé (gêmeos), Jagoboroçu (Boçu) e Apoji. Zomadônu é filho de Acoicinacaba.
Acoicinacaba (Coicinacaba) – pai de Zomadônu e filho de Dadarrô.
Dadarrô – chefe da primeira linhagem da família; vodum mais velho da família de Davice. Casado com Naedona e pai de Acoicinacaba, portanto, avô de Zomadônu. É pai de Sepazim, Doçu, Bedigá, Nanim e Apojevó. Representa o governo e é protetor dos homens de dinheiro.
Naedona (Naiadona ou Naegongom) – esposa de Dadarrô e mãe de Sepazim, Doçu, Bedigá, Nanim e Apojevó.
Arronoviçavá – irmão de Naedona, é cambinda (mas considerado jeje por outras casas).
Sepazim – princesa casada com Daco-Donu, com quem teve um filho chamado Tói Daco, que é toqüém.
Daco-Donu – marido de Sepazim, pai de Daco.
Daco – filho de Sepazim e Daco-Donu. Toqüém.
Doçu (Doçu-Agajá, Maçon, Huntó ou Bogueçá) – jovem cavaleiro, boêmio, poeta, compositor e tocador. Pai dos três toqüéns Doçupé, Nochê Decé e Nochê Acuevi.
Doçupé – filho de Doçu. Toqüém.
Nochê Decé – filha de Doçu. Toqüém.
Nochê Acuevi – filha de Doçu. Toqüém.
Bedigá – também cavaleiro como o irmão Doçu. Aceitou a coroa do pai Dadarrô que Doçu tinha recusado. Protetor dos governantes, advogados e juízes.
Apojevó – filho mais novo de Dadarrô. Toqüém.
Nochê Nanim (Ananim) – filha adotiva de Dadarrô, criou Daco (neto de Dadarrô) e Apojevó (seu irmão mais novo).
Família de Savaluno
Família de Savaluno. É uma família de voduns amigos da família de Davice. Não são jejes e são hóspedes na Casa das Minas.
Topa – um vodum solitário, o qual tem mais dois irmãos, Agongono e Zacá.
Zacá (Azacá) – vodum caçador.
Agongono – vodum que se relaciona com os astros; amigo de Zomadônu e pai de Jotim.
Jotim – filho de Agongono. Toqüém.
Família de Dambirá (Damballah)
Família de Dambirá. Reúne os voduns da terra, ligados às doenças e às curas.
Acóssi Sapatá (Acóssi, Acossapatá ou Odan) – curador e cientista, conhece o remédio para todas as doenças. Ficou doente também por tratar os enfermos. Pai de Lepom, Poliboji, Borutoi, Bogono, Alogué, Boça, Boçucó e dos gêmeos Roeju e Aboju.
Azile – irmão de Acóssi. Também é doente.
Azonce (Azonço, Agonço ou Dambirá-Agonço) – irmão de Acóssi e Azile, o único que não é doente. É velho e é nagô. Pai de Euá.
Euá – filha de Azonce, também é nagô.
Lepom – filho mais velho de Acóssi. Vodum velho.
Poliboji – também vodum velho.
Borutoi (Borotoe ou Abatotoe) – vodum velho. Usa bengala.
Bogono (Bogon ou Bagolo) – diz-se que se transforma em sapo.
Alogué – diz-se que é aleijado.
Boça (Boçalabê) – mocinha alegre, está sempre com o irmão Boçucó. Toqüém.
Boçucó- outro dos irmãos mais novos. Toqüém.
Roeju e Aboju – irmãos gêmeos. Ambos toqüéns.
Família de Quevioso
Família de Quevioso. É família de voduns considerados nagôs, embora não sejam orixás (entre eles, apenas Nanã é cultuada nos candomblés de orixá, tendo sido incorporada ao panteão iorubá desde a África, assim como seus filhos Omulu e Oxumarê). Quase todos são mudos para evitar que revelem os segredos dos nagôs ao pessoal da Casa das Minas, onde são hóspedes de Zomadônu.
Nanã (Nanã Biocã, Nanã Burucu, Nanã Borocô ou Nanã Borotoi) – diz-se que é de Davice mas auxilia Quevioso. É a nagô mais velha, a que trouxe os outros. Alguns dizem, ser ela a mesma Nochê Naé e a mesma Vó Missã dos nagôs.
Naité (Anaité ou Deguesina) – mulher velha que representa a lua.
Nochê Sobô (Sobô Babadi) – considerada mãe de todos os voduns de Quevioçô (Badé, Lissá, Loco, Ajanutoi, Averequete e Abé). Representa o raio e o trovão.
Badé (Nenem Quevioso) – representa o corisco. Equivale a Xangô entre os nagôs. É mudo e se comunica por sinais.
Lissá – vodum dos astros. Representa o sol. É vadio e anda muito. Também é mudo.
Loco – representa o vento e a tempestade. Também é mudo.
Ajanutoi – é surdo-mudo e não gosta de crianças.
Abé – vodum dos astros, como Loco. Representa o cometa, uma estrela caída nas águas do mar. Vodum jovem e mulher. Uma dos poucos do clã que falam. É toqüém. Corresponde ao orixá Iemanjá dos nagôs.
Averequete (Verequete) – Também fala e é toqüém.
Há dois voduns amigos da família de Quevioso que tomam conta dos filhos de Dambirá. São eles:
Ajautó de Aladá (Aladanu) – amigo da casa. Pai de Avrejó. É velho e usa bengala. Ajuda Acóssi, que é doente. Mora com o povo de Quevioso. É rei nagô, protetor dos advogados.
Avrejó – Filho de Ajautó. Toqüém.
Legba ou Legbara, figura comum nas religiões afro-brasileiras, conhecido em outras “nações” pelo nome de Exu, é a divindade que assume a função de trickster ou trapaceiro. Não tem culto organizado na Casa das Minas, onde é identificado com Satanás, o Mal. Não é aceito como mensageiro, mesmo porque quem realiza essa função são os toqüéns. Apesar de não ter culto organizado, verificam-se uns poucos gestos rituais ligados a Legba, como por exemplo, certos cânticos pedindo para que Legba se afaste, que são cantados ao início de todo tambor. Ocupa, entretanto, lugar importante em outros terreiros influentes de São Luís.
Há outros voduns do tambor-de-mina que não aparecem nesta classificação por não serem referidos na Casa das Minas, mas que são cultuados em outros terreiros, como Boço Jara, Xadantã e Vondereji presentes na Casa de Nagô.”
Nas Pegadas dos Voduns. Um terreiro de tambor-de-mina em São Paulo. Reginaldo Prandi).
Existe também o Tambor de Mina Nagô, onde são cultuados alguns Orixás, juntamente com os voduns. A Casa de Nagô (Nagon Abioton), fundada por africanos de tradição yourubá, mais precisamente, de Abeokuta, deu origem a outros terreiros de São Luís, em que são recebidas entidades africanas jeje-nagôs, como: Doçu, Averequete, Ewá, Aziri, Acóssi, Nanã Buruku, Xapanã, Ogum, Xangô, Badé, Locô, Iemanjá (Abê), Lissá, Naeté, Sogbô, Avó Missã.
No culto do Tambor de Mina, assim como no Batuque do Rio Grande do Sul, ainda existe muito sincretismo, sendo que nas casas de Tambor de Mina há um local destinado exclusivamente para os santos católicos (é erguida uma espécie de capelinha) e é devido a isso a Casa das Minas considerar o Legba um ser do mal, embora outras casas o tenham como um Vodum importantíssimo.

Nã Agotimé

Nã Agotimé: A Saga de uma Rainha

A saga de Nã Agotimé é pura magia. Representa a força dos elementos naturais transformando a vida que se transforma em culto.
Desde tempos imemoriais se cultuava os voduns da família real do Daomé, hoje Benim. Um Clã mágico e místico iluminava o continente negro, numa época de uma África conturbada por guerras tribais em busca do poder. Muitos reis passaram e o Daomé, que era apenas uma cidade, tornou-se um país.
No palácio Dãxome, reinava Agongolo. O rei tinha como segunda esposa a rainha Agotimé e dois filhos (Adandozan, do primeiro casamento, e Gezo, nascido de Agotimé). No momento de sua morte, o rei elegeu seu segundo filho para sucedê-lo no trono, mas a sua ordem foi desconsiderada e Adandozan assumiu o trono como tutor de Gezo. Abomey tornou-se vítima de um governo tirânico e cruel.
Mágica e Magia. A rainha era conhecida em seu reino pelas histórias que contava sobre seus ancestrais e sobre o culto aos reis mortos. Guardava os segredos do culto a Xelegbatá, a peste. Detentora de tais conhecimentos, o novo rei tratou de mantê-la isolada, acusando-a de feitiçaria, e não hesitou em vendê-la como escrava.
Em Uidá, grande porto de venda de escravos, Agotimé foi jogada nos porões imundos de um navio e trazida para o Brasil. O sofrimento físico da rainha, traída e humilhada, era uma realidade menor, pois o seu espírito continuava liberto e sobre as ondas a rainha liderou um grande cortejo, atravessando o mar.
Desse episódio se forjou um dos elos que une a África ao Brasil. Chegou ao novo continente um corpo escravo, mas um espírito livre, pronto para cumprir a sua saga e fazer ouvir daqui o som dos tambores Jejes.
Seu primeiro destino foi Itaparica, na Bahia, porto do seu destino e terra santa do conhecimento. Vinda de uma região onde poucos escravos se destinavam ao Brasil, Agotimé se deparou com muitos irmãos de cor, mas não de credo.
No seu encontro com os Nagôs teve o seu primeiro contato com os Orixás, e através deles a Rainha escrava teve notícias de seu povo. Por eles soube que sua gente era chamada Negros-Minas e foram levados para São Luís do Maranhão. Contaram que não tinham local para celebrar o seu culto, pois esperavam um sinal de seus ancestrais. Agotimé logo entendeu por quem esperavam.
Dessa forma a rainha chegou ao Maranhão. Terra da encantaria e de forte representação popular. Os tambores afinados a fogo e tocados com alma por ogãs, inspirados por velhos espíritos africanos, ecoam por ocasião das festa e pela religião. Foi no Maranhão que Agotimé, trazida para o Brasil como escrava, voltou a ser Rainha. Sob orientação de seu vodum, fundou a “Casa das Minas”, de São Luís do Maranhão, em meados do século XIX.
Para contar essa história, trilhando caminho inverso ao de Nã Agotimé, e com uma exposição fotográfica sob a forma de portraits, o fotógrafo maranhense Márcio Vasconcelos viajou ao Benin acompanhado do antropólogo africano Hippolyte Brice Sogbossi.
A proposta do Projeto é realizar uma pesquisa e documentação fotográfica da atual situação de terreiros e seus respectivos chefes no Benim e no Maranhão. Para tanto, foram entrevistados e fotografados personagens de reconhecida importância no cenário do culto aos voduns, com a finalidade de traçar um paralelo entre os Sacerdotes africanos e os Chefes de Terreiros do Tambor de Mina do Maranhão.
No Benin, num período de 25 dias, foram visitadas as cidades de Cotonou, Abomey, Allada, Ouidah, Calavi e Porto Novo. O Projeto “Zeladores de Voduns e outras Entidades do Benin ao Maranhão” foi aprovado no Edital de Apoio à Produção Cultural do ano de 2008 da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão.
Márcio Vasconcelos é fotógrafo profissional independente e há mais de uma década vem se dedicando a registrar as manifestações da Cultura Popular e Religiosa dos afro-descendentes no Estado do Maranhão. Hippolyte Brice Sogbossi é beninense e radicado no Brasil há mais de 10 anos. Doutor em Antropologia Social e professor da Universidade Federal de Sergipe.
Grete Pflueger
fonte:http://evanspires.wordpress.com/2010/08/

Os Voduns da Casa das Minas

A Casa das Minas (Kwlegbetan Zomadonu ou Kwerebetan de Zomadonu) é um terreiro quase que bicentenário e que mantém firme as tradições religiosas africanas de culto aos Voduns, em especial àqueles que fazem parte dos cultos da Família Real. Os voduns da Casa são agrupados em família, destacando-se a família de Davice (Família Real) que engloba os voduns antigos reis e nobres, dignatários do antigo Dahomey. A ancestral mítica desta família é Nochê Naé (Sinhá Velha), a quem todos na Casa das Minas obedecem e prestam respeito, sendo que não se deve falar muito dela. Esta família segue duas ramificações: a primeira é de Zomadonu – vodun dono da Casa e vodun da fundadora e das três primeiras mães da Casa; e a segunda é a de Dadaxó (Dadarrô – pai do Dahomé). Outra importante família é a de Dambirá, dos Voduns da terra e das doenças, como Akosi, Azile e Azonce,e  seguindo as famílias hóspedes da casa Queviossô (dos voduns do trovão e dos astros, que são considerados nagôs dentre os jejes da casa, mesmo não sendo orixás, e que são mudos, a exemplo de Badé, Sogbo (que na Casa das Minas é um vodun feminino, sinretizada com Sta Bárbara e Oyá), Averekete, Lissá, Agbé), e as famílias de Savalunu (voduns de Savalu) e Alladanu (voduns de Alladá).
Legba não é cultuado na Casa das Minas e é tido como trapasseiro, um ser maligno. Duas explicações teria este motivo: o sincretismo extremo que caracteriza o Tambor de Mina, e o fato de Adandozan se dizer “um protegido de Legba” e que depois de toda suas atrocidades e maldades deixaram o povo Abomenu entristecidos e inclusive Nã Agotimé.
A Casa das Minas é exclusivamente de cultura Jeje, sendo seus cânticos em lingua fongbé-ewegbe, e suas divindades são exclusivamente Voduns, não havendo nenhum orixá em seu culto (embora devotem-se a Yemanjá, por exemplo, mas não há culto interno para estas divindades). A casa não gerou nenhuma filial, mas sua estruturação serviu de base para organização das outras Casas de Tambor de Mina.
Antigamente cultuavam-se na Casa das Minas, as “meninas” (Tobôssis) e que desapareceram nas décadas de 60 e 70. Segundo fontes o papel das Tobossis era harmonizar a Casa, dando nomes africanos às Vodunsìs e falavam em outra língua.
Autoria: Hùngbónò Charles

Tohosu

                                                                           TÒHOSÚ






Existe na região Mahi, ao longo do Rio Uemê e em Abomey, uma categoria de voduns chamados Tòhosú (Toxosu).
Acredita-se que quando Tòhosú vem à terra manifesta sua imagem no corpo de uma criança anormal e monstruosa. Dizem também que para um Tòhosú vir a Terra é sinal de descontentamento. Antigamente era costume, quando crianças anormais nasciam, eram afogadas para que fossem “devolvidas” a seu reino, pois a palavra Tòhosú significa “Rei das Águas”.
Os Tòhosú da familia real (Família Davice, da Casa das Minas)  são considerados voduns muito importantes, pois estes são filhos de reis e reverenciados nos cultos de Nesuhue (Nesuxwé) – instituição religiosa baseada no culto dos ancestrais divinizados da família real de Abomey, os dirigentes do antigo reino do Dahomey.
Em Abomey a tradição diz:
“Akabá, rei de Dahomey, tinha tido um filho anormal. A gravidez da rainha Kuandê tinha sido dolorosa e agitada, se manifestando por duas vezes no dorso, duas vezes no peito, parando em seguida por nada sentir. A parteira ficou espantada quando viu o menino Zomadonu, porque ele tinha seis olhos – dois sobre a fronte, dois atrás da cabeça e dois no peito. Tinha dentes, cabelo e barba e desde o seu nascimeto se pôs a falar e caminhar. No dia seguinte ele entrava a engordar e desaparecia e rolava por terra como uma bola e declarava que era Zomadonu. Horas depois ele estava transformado em um grande pássaro entregue à pescaria no pântano e cantava traduzindo o seu nome. Em certas ocasiões estava de novo como homem. Todos ficavam apavorados com estas manifestações.
O Rei Agajá, irmão e sucessor de Akaba, também teve um filho anormal chamado Kpelu. Tinha vinte dedos, sendo dez em cada mão, dois olhos normais e dois sobre a nuca. Nascera com dentes e grandes cabelos e tinha o dom de predizer o futuro. O Rei Tegbessu, sucessor de Agajá também teve um filho anormal, Adomu, que possuia quase as mesmas características de Kpelu, era caprichoso e diz que queria cortar o nariz das pessoas.”
Há também uma lenda que conta que Zomadonu, junto de Kpelu e Adomu,  invadiram o Abomey liderando um exército de tohosus matando indiscriminadamente os cidadãos que fugiram apavorados, ficando apenas um homem chamado Abadá Homedovó, que sofria de elefantíase.
A vida do homem foi poupada, graças à amizade que ele tinha com Azaká, um tohosu da cidade de Savalu. Ele foi curado por Zomadonu, e ensinado por ele nos mistérios para se propiciar a boa vontade dos tohosu reais. Após isso, o exército dos temíveis pigmeus monstruosos abandona Abomey, entrando no rio. E com Abadá Homedovó começa o culto dos tohosu reais de Abomey, com Zomadonu sendo o principal deles. Hoje, no Benin e em Togo, as crianças que nascem com má formação física ou deficiências mental têm uma cerimônia especial e, em suas casas, um pequeno altar é consegrado aos Tòhosú. Assim, em vez de trazerem desgraças financeira e emocional às suas famílias, trazem bençãos. Aqueles que ficam incapacitados devido a idade, ferimentos ou doenças, também ficam sob a proteção dos Tòhosú.
Na Diáspora, o nome de Zomadonu é conhecido tanto no vodu haitiano, como no Tambor de Mina de Nação Jeje, onde é o patrono do terreiro Casa das Minas, também chamado de ‘Kwerebentan to Zomadonu’ (Querebentã de Zomadonu) em São Luís Maranhão.
Curiosamente, no Maranhão, Zomadonu não possui caracteríticas de Tòhosú, ou seja, deformação física. Zomadonu é o mais importante vodum do Reino do Dahomey, é considerado nobre pertencente a família real de Davice ou Danvice, que é chefiada pela mãe ancestral Nochê Naé. Zomadonu também é pai dos gêmeos Nagono Toçá e Nagono Tocé. Zomadonu é o primeiro vodum a ser homenageado nos toques de tambor da Casa das Minas.

Sapakta, soponon, azonsu, azawani

                                                     VODUN SAPAKTA






Sakpata é um vodun muito temido e respeitado, o senhor das doenças contagiosas e intitulado “Ayinon” – o Dono da Terra. Considerado uma divindade de dupla etnia, pois seu culto transita entre os povos Fon e Yorubá, onde é conhecido pelo nome de Sòpònná (Xapanã).
Sakpata é considerado por alguns como o primogênito de Mawu-Lisá, e por outros como sendo filho da antiga mãe Nanã Buluku. São muitos os voduns que fazem parte da família de Sakpata, todos tendo características e culto próprio mantendo relações de semelhanças entre si. Todos estes voduns estão ligados à terra, às doenças e a cura. Alguns estão associados à riqueza e a miséria. Suas vestimentas são feitas ou levam a palha da costa, um dos principais símbolos destes voduns. Alguns usam o xaxará, outros o bastão, a lança e o facão. As cores são variadas, mas geralmente se remetem aos tons mais escuros, em especial o roxo, o preto e branco, o bordo e o vermelho.
Azansú (homem da esteira) ou Azonsú (homem doente) são os nomes pelo qual Sakpata é conhecido nos candomblés jeje mahi. Usa palha da costa que lhe cobre todo corpo e o xaxará, com o qual capta e retira a energia negativa dos ambientes. Sua cor é o roxo ou o bordô. A saudação para os voduns desta família é “Abáo, sísí daagbo”.
Avimaje é um vodun jovem da família de Sakpata, o mensageiro entre os voduns desta família. É ele quem “carrega as almas”, veste-se de branco e é guerreiro. Carrega um facão e não usa o xaxará. Tem ligações com o vodun Kposu.
Parará, Kpadadá ou Pararaligbú é um sakpata feminino. Rege a terra e as doenças, e as feridas provocadas pela varíola simbolizam as jóias de Parará. Sua cor é o roxo. Carrega um pequeno xaxará.
Azoani, Azawane ou Azonwäne é considerado, principalmente pelo jeje do RJ, como um vodun das ervas, com muita ligação ao vodun Agué. Para outros porém esse nome é apenas mais um “apelido” de Azonsú-Sakpatá (e é assim que consideramos aqui em minha casa).
Em geral todos estes voduns são muito exigentes com seus filhos, sendo amados e temidos por eles. Cabe aos sakpatas a fiscalização das casas de religião, sempre mantendo a moral e os bons costumes. Ewá está intimamente ligada a Azansú, sendo a responsável pela tarefa de fiscalizar as casas para os demais sakpatas.
Na África, até hoje, os sacerdotes de Sakpatá são chamados de Ánàgónú, talvez uma referência a possível origem nagô deste vodun.

Vodun sohokwe

                                                          VODUN SOHOKWE






 Sòhòkwè (lê-se Soroquê) é um vodun filho de Mawu e Lissá, cujo elemento principal é o fogo. Muitas são as dúvidas relacionadas a esse vodun. Devido a mistura de cultos, já explicada em outros tópicos, Sòhòkwè passou a ser aglutinado na cultura yorubá, passando a ser confundido com um dos caminhos de Ògún. Segundo o mito yorubá, Ògún Sòhòkè (lê-se Xoroquê) é o Ògún que desceu as montanhas, sendo o senhor das trilhas e do fogo líquido onde, Xòrò deriva do termo yorubá “Sòròrò” ou “Xòròrò” que significa descer ou escorrer e,” òkè” significa montanha. Segundo os mais velhos é um Ògún muito arredio, sendo muito coligado ao seu irmão Èsú e tendo todas oferendas e fundamentações com o mesmo. Dizem ainda que essa “qualidade” de Ògún tem muito fundamento com ègún, sendo ele responsável por todos aqueles que desencarnam em acidentes na estrada ou linha férrea. Em outras casas, Sòròkè deixou de ser uma qualidade de Ògún e passou a ser um Èsú , com as mesmas características do Ògún Sòròkè porém, sendo fundamentado como qualidade de Èsú e passando a ser cultuado como o mesmo. Mas para nós de jeje, Sòhòkwè não é nem Èsú nem Ògún e, sim um vòdún independente, com culto próprio e de características próprias que acabou por ser fundido a cultura desses dois òrísás por ter coisas em comum. Isso ocorreu também com outras divindades como Agbé, Aboto, Azansu, Sogbo, Intoto e outos mais que acabaram aglutinados a cultura de outras deidades africanas, talvez por falta de estudos ou fundamentos. Sòhòkwè é o guardião das casas de jeje, onde Sòhò(lê-se sorrô) significa guardião e kwè(lê-se Qüê) significa casa. Seu assentamento é fixado ao chão, cravado na terra, ao lado do assentamento do vodun Légbà, vodun Ayizan e do vodun Gú (Ogun). Sòhòkwè não é iniciado na cabeça de nenhum adepto pois o mesmo não incorpora. É iniciado apenas na cabeça de ogans e ekedis e possui a função de manter a ordem dentro das casas de jeje, punindo e cobrando quem as derrespeita. Sòhòkwè é o caminho formado pela lava após ser expelida do vulcão, possuindo muito fundamento com Badé, Sògbò e outros voduns que moram nos vulcões e que estão ligados ao fogo e também com Oyá. Sua cor é o Azul escuro e o vermelho, seu dia da semana a segunda-feira . Geralmente quando aparece um filho rodante com arquétipo de Sòhòkwè geralmente é iniciado para Ogun.

Legba


O Culto de Legbá

Legbá (Lεgbà, em fongbé) é um Vodun muito importante, tanto no Benin como na diáspora, por ser aquele que tem como atributos ser o protetor e o mensageiro entre os homens e os Voduns. Cultuado pela totalidade das Casas de Jeji no Brasil (exceto na Casa das Minas “Kwlegbetan Zomadonu”)  e em todos os Hùnkpámè (conventos de Vodun) do Benin, este Vodun é louvado e oferendado no ritual do Zandró. No Brasil não é feito e nem entra em transe, não tendo vodunsì. No Benin há vodunsì dedicadas a estes voduns, recebendo a denominação de legbásì.
Legbá é o correspondente Jeji do orixá Exu dos yorubás. É o filho mais jovem do par Mawu-Lisá ou Dadá-Segbo. Seu assentamento é um montículo de barro com um falo ereto, representação de sua relação com a sexualidade masculina, e com dois chifres. Possui ligações com Ayizan e Xorokwe.
Legbá sempre é cultuado primeiro, do que qualquer Vodun, esta regra jamais é esquecida pelo povo Fon, pois é ele que se encarrega de deixar passar qualquer tipo de oferenda seja a que Vodun for. Mesmo nos casos de descarrego e outros tipos de interversão espiritual praticada seja por qualquer sacerdote e de qualquer culto espiritual (vale ressaltar, porém, que no Brasil, em rituais como o Zàndró, a primeira divindade reverenciada é Ayizan). Está encarregado em vigiar o bom andamento e atitudes do ser humano, seja benéficas ou maléficas e se incumbirá das devidas cobranças.
Também deve-se citar que Legbá, é o unico Vodun masculino que tem acesso ao mundo espiritual das Kenesi (senhoras poderosas e grande Mãe Ancestre, feiticeiras, podendo ser consideradas como correspondentes às Iyami da tradição yorubá).
A reverência a Legbá no jeji mahi se dá no zandró, onde pedimos a ele que se mantenha atento, e para que leve nossa mensagem aos demais voduns. O ritual do padé ou ipadé é nagô, não pertencendo à tradição jeji e nem é próprio para se louvar Legbá.
O dia dedicado à Legbá é a segunda-feira, juntamente com Xorokwé, Ogun, a família de
Sakpatá
e Ayizan. Sua cor é o vermelho, o multicolorido e o transparente
Na tradição africana, pode-se encontar também várias formas de Legbá:
*Agbonuxosu – rei do portal, é um pequeno Legbá feito de argila, situado no portão.
*Axi-Legbá – é o Legba dos caminhos.
*Tó-Legbá – é o Legba de uma cidade, ou de uma aldeia.
*Fá-Legbá – protege o Fá, perto do qual ele reside, estando a frente de Fá. É o Legbá do oráculo, que traz a mensagem no jogo.

A classificação do panteão Vodun

Legbá, por ser aquele que “a tudo está ligado”, tem ligações com todos os voduns, sendo o wensagún (mensageiro) entre eles. Na tradição africana podemos encontrar vários grupos ou clãs de voduns, sendo Legbá pertencente a todos estes clãs.
Há os Voduns da terra encabeçados por Sakpatá, conhecidos também como Ayi-voduns, e há os voduns do alto ou do céu encabeçados por Heviosò ou Xebyosò, e Mäwü-Lisà conhecidos também como Ji-voduns. Destes dois grandes grupos pode-se fazer outras sub-divisões, e ainda existem outras divisões a parte, assim temos:
* Os sò-voduns (voduns do raio), liderados pelo Vodun Heviosò/Sògbó;
* Os tò-voduns (voduns das águas), liderados pelo Vodun Xú;
* Os zùn-voduns (voduns das florestas), a exemplo de Aziza e Agè (Agué);
* Os  Atinmɛ̀-voduns (voduns do interior das árvores), a exemplo de Lökö e Zonodo ou Azawonodo;
* Os tó-voduns (voduns de uma determinada aldeia, povo ou reino);
* Os Hε̆nnù-voduns (voduns de uma determinada família ou clã), cada um liderado pelo seu Hε̆nnùgán (patriarca);
* Os jono-voduns (voduns estrangeiros), a exemplo dos anagonus (Oxun, Yemanjá, Ogun, Oyá (ou Avesan em Abomey), Odé, etc).
No Brasil, porém, podemos nos deter a três divisões básicas se tratando do jeji mahi:
* Dan ou Família da Serpente, incluindo todos os voduns serpentes e que são liderados por Dangbè ou Gbèsén;
* Heviosò/Kaviono ou Família do Trovão, que inclui todos os ji-voduns, sò-voduns e tò-voduns e que são liderados pelo vodun Sògbó.
* Sakpatá ou Família da Terra, que inclui todos os ayi-voduns e azon-voduns (voduns doentes) e os jono-voduns e que são liderados pelo vodun Azonsú ou Azansú.
Legbá, igualmente no Brasil, está ligado a estas três grandes famílias. Legbá conhece tudo e sabe falar todas as línguas.

AGUÈ.


                                                                          AGUÈ.




Agué (grafa-se Agὲ em fogbé) é um vodun de grande importancia dentro da cultura Jeje. Porém, é precipitado assimilar o Vodun Agué ao Orixá yorubá Osaniyn aplicando a ele todas as atribuições que o orixá ganha. De certa forma, Agué e Osaniyn tem muitas características em comum, mas tem muitas diferenças também. Agué é o vodun da família de Sakpata, que representa as folhas, as plantas, o poder da mágica dos vegetais, a medicina e a terra. Mas além disso, Agué está ligado à caça e a fartura, é ele quem traz os alimentos e mata a fome de seu povo, assemelhando-se em muito também com Odé. Além destas atribuições, Agué também é visto como um grande guerreiro e defensor; é ele o responsável pela defesa de seu povo, e na icografia, muitas vezes é representado portando uma espécie de espingarda, ligando-se em muito ao Vodun Gún (Ogun), e há quem diga que é ele “o verdadeiro Ogun do Jeje”.

Agué é tido por alguns como filho de Mawu-Lissá, por outros como sendo filho da grande mãe Nanã Buluku, aprendendo com ela os segredos de íkú (morte), por isso Agué é um vodun que também se relaciona aos akútútòs (eguns) e tem fundamentos com vodun Ayizan, que em Jeje Mahi é um vodun feminino, ligada aos ancestrais e a morte.

Na sequência do “dorozan” ou “odorozan” (o mesmo que xirê para os nagôs), o Vodun Agué é saudado logo após Ogun. Não se pode iniciar ninguém sem os fundamentos de Agué. Ele carrega também um arco e uma flecha com os quais realiza sua caçada. Sua saudação é Agué bèno bèno átábìriko. Suas cores variam entre verde mesclado ao branco ou verde e amarelo, podendo usar o vermelho. Consagra-se a Agué a terça ou a quinta-feira. Suas vodunsis são chamadas de Aguésì.

Com este texto quero também ressaltar sobre a importancia de se evitar a comparação entre os orixás e voduns, pois muitas vezes, as atribuições de um ou de outro podem se perder devido a isso. Temos como outro exemplo bem típico a associação entre Oyá e Djó, onde muitos definem Djó como sendo senhora dos ventos, quendo na verdade, Djó é um vodun da família de Hevioso (mais precisamente de Avejidá), ligada a atmosfera e responsável pelas chuvas que resfriam a terra, dividindo com os voduns Kavionos o poder sobre o fogo e considerada um vodun andrógino. Começando assim pode-se resgatar muito do que se foi perdido com o passar do tempo.

AVEJI DÁ AVEJIDÁ OU AVEJIJDA.


                                             AVEJI DÁ AVEJIDÁ OU AVEJIJDA.




Aveji Dá, Avejidá ou Avedjidá, são voduns femininos da família Hevioso ou Sakpata, cada uma com sua responsabilidade e regência. Tem semelhanças com orixá Oyá, e até mesmo ela em território dahomeano era assim chamada.
As Avejidás da família Hevioso são divindades relacionadas aos fenômenos da natureza tais como chuvas, tempestades, tufões e furacões. São guerreiras ou caçadoras, cujo poder é imenso e temperamento forte. São quentes e irriquietas, estando ligadas as alturas, nuvens e astros. Estão juntas com os Kavionos, julgando a humanidade e castigando quando se faz necessário. Tem certa importância sobre o processo financeiro da sociedade, dividindo com Sogbo o domínio do elemento fogo. Estão sempre dispostas a guerrear pelas casas onde são cultuadas, sendo de extrema importância na batalha contra queimações e inimigos ocultos ou assumidos.
A principal Avejidá do panteão do trovão é Vodun Djó, divindade responsável por fertilizar e esfriar a terra através da chuva. Vodun Djó é uma guerreira que domina as nuvens e tempestades, sendo a Avejidá mais conhecida e cultuada. Segundo os ítàns, vodun Djó teria o poder de se transformar em animal. Veste vermelho e usa adornos cobreados.
As Avejidás do panteão da terra seriam coligadas ao domínio dos mortos, possuindo todas ligações com os ancestrais, sejam masculinos ou femininos. Elas ficam juntos com os Sakpatás, ajudando a cuidar dos enfermos e dando auxilio no desencarne. Tem como principal função sondar o funcionamento dos templos e quando veem algo de errado cobrar, muito das vezes fechando-os.
A principal Avejidá da família Sakpata é Agbé Gèlèdè, senhora dos mortos e do culto aos Akututos (ègún). Agbé Gèlèdè teria o poder e a importância de Oyá Igbalé dos cultos iorubás, sendo invocada em síhúns, ègbós e limpezas nas quais seja necessária sua presença. Representa o desencarne e a aceitação do espírito para com sua morte, sendo responsável pelo envio dos espíritos desencarnados para o òrún.
As Avejidás são extremamente poderosas e independente da família com a qual é associada, possui grande importância para os kwês e adeptos do culto. Representam a liberdade, a batalha cotidiana e a força de vontade.
Podemos citar ainda Agbé Afefé ligada a alegria e a felicidade, também aos mortos, seu símbolo são as flores as quais ofertamos a nossos entes queridos, que representam toda felicidade que passaram em suas vidas. Agbé Huno, a Aveji Da guerreira e da tempestade
Avejidá e as Klamklamle (Borboletas)
Contam-se os velhos vodunos que as Avejidás tem em seu reino um exército de Klamklamle (borboletas) que sobrevoam os mundos e voltam para contar-lhes seus efeitos ao mesmo tempo que trazem outras Klamklamle que nada mais são do que as almas que ali irão residir.
Dizem que à própria Avejidá quando está muito preocupada, se transforma em uma linda KlamKlamle e sai pelos mundos a voar para observar melhor o céu e terra.
A klamklamle é como a Avejidá, ligeira e inconstante. Uma ligeireza sutil, de espírito viajante.
A Klamklamle brincando entre as flores é como uma alma da deusa. A deusa acompanha o sol na primeira metade de seu curso visível até o  meio dia. Em seguida, desce de volta à terra sob a forma de uma Klamklamle.
Há uma associação analógica da Klamklamle e da Avejidá, de suas cores e do bater de suas asas tal qual a dança de Avejidá.
Avejidá, assim como todas as deusas do fogo associa-se a obsidiana, uma Kpe-izó ( pedra de fogo), seu emblema.
Símbolo do fogo solar e diurno, e por essa razão da alma dos soldados, a Klamklamle é também um símbolo do sol negro, atravessando os mundos subterrâneos durante o seu curso noturno.É assim, símbolo, do fogo ctoniano oculto, ligado a noção de sacrifício, de morte e de ressurreição. É então a Klamklamle, atributo das divindades ctonianas, associadas à morte. Ela ilustra ao mesmo tempo, a analogia, alma-borboleta e a passagem do símbolo à imagem.
O homem segue, da vida à morte, o ciclo da Klamklamle. Ele é na sua infância, uma pequena lagarta, uma grande lagarta , na sua maturidade, ele se transforma em crisálida na sua velhice, e em seu tumulo é o casulo de onde sai a sua alma que voa sob a forma de uma klamklamle. A postura de ovos dessa Klamklamle é a expressão de sua reencarnação.

KEVIONOS OU HERVIONOS.


                                                  KEVIONOS OU HERVIONOS.




Panteão do Trovão (Hevioso)
Os voduns agrupados no panteão do trovão, os quais recebem a denominação geral de “Voduns Kavionos”, são aqueles ligados aos fenômenos das tempestades (sò-voduns – voduns do raio), e os voduns que vivem no alto (ji-voduns – voduns do céu).
Pode-se ainda incluir a este panteão alguns voduns que vivem nos mares e oceanos (tò-voduns) por sua estreita ligação com os sò-voduns.
Os voduns do raio, em especial o vodun Sògbó, mantém muitas semelhanças com o orixá yorubá Xangô.
No jeje-mahi os Voduns Kavionos são liderados pelo vodun Sògbó, sendo o carneiro (agbo) seu principal símbolo e por isso considerado como um animal sagrado. Pelas tradições dos povos do Togo, o animal que simboliza este vodun é o leopardo.
Sògbó cujo nome significa “Grande Raio”, é um vodun irado e irriquieto, o dono do fogo. Seu emblema é um machado com cabeça de carneiro. É um dos três reis dos maxinu (mahis). Pai dos demais voduns kavionos e considerados por alguns como sendo o filho de Kpòsú. Suas cores são o bordo, o vermelho e o branco, assim como seu colar. O título de “Sògbó Adan”, significa “corajoso Sògbó” ou “a força/coragem de Sògbó”.
Badé ou Gbadé é um dos filhos mais jovens de Sògbó, um líder guerreiro. Também conhecido como Gbamesò (raio sobre os campos) é um vodun guerreiro e muito colérico. A ele pertence o curisco e a sentelha de fogo, usada para acender a fogueira de Sògbó, a maior festividade dos Voduns Kavinos no Brasil.
Aklongbé ou Akarumbé é irmão de Gbadé e filho de Sògbó. Responsável pelo granizo sendo também um vodun irado e irriquieto. Assim como Gbadé, é um grande guerreiro.
Kpòsú é o vodun mais velho desta família, representado pela pantera, alguns o consideram como sendo o pai de Sògbó.
Agbetawoyó é um vodun que vive nas águas, um grande guerreiro que vive nas águas agitadas do mar. É considerado como sendo irmão de Sògbó. Seu nome significa “ruído do mar”.
Avlekétè é um jovem pescador. Uma espécie de mensageiro entre os voduns do mar e os voduns do raio. Filho de Sògbó e Agbé.
Aden ou Adeen é um vodun feminino da família do raio. Envia as chuvas noturnas e faz com que as plantas cresçam. Em sua ira envia os raios que fulminam os mal-feirores.
Agbé é uma mãe das águas, velha e de grande sabedoria. A responsável pelos oceanos. Suas comidas não levam sal. Também está ligada aos astros, em especial os cometas. No culto Tambor de Mina ganhou a denominação Agbemanjá e seu culto mesclou-se ao de Yemanjá.
Loko é o vodun que vive nas árvores (atinme-vodun), é ele quem liga a terra ao céu, representa, assim como Ayizan, a memória ancestral. É um dos donos do hunjeve, a jóia dos maxinu (mahis).
Sòhòkwé ou Sorokwê é o vodun responsável pela defesa das casas. Seu assentamento fica próximo ao de Legba e Ayizan.
A grande maioria destes voduns aprecia comida apimentada e o quiabo. Suas cores variam entre bordo, vermelho e branco, cores escuras na maioria das vezes (exceto Agbé, que usa azul claro e branco e Agbetawyó que usa azul e prata).

AVEREKETE OU AFREKWETE.

                                                     AVEREKETE OU AFREKWETE.




Atribuições do Vodun Averekete (desambiguação)

Avlekete ou Averekete é um vodun ligado à pesca e a caça, erroneamente comparado ao orixá Logun Edé e a um outro vodun chamado Ajaunsi. Estas divindades são bem diferentes uma da outra, sendo sincretizados, talvez, pela característica de ambos serem ligados a caça e a pesca, mas a cosmogonia deles é bem diferente.

Logun Edé é um orixá de Ijexá filho de Oxun e Odé, ligado a caça e a pesca, um dos mais belos Orixás, pois assim também a beleza é uma característica de seus pais. Suas cores são o azul turquesa e o amarelo ouro e tem como símbolos a balança, o ofá, o abebè e o cavalo marinho.

Averekete nasceu da união do vodun Sogbo com Naeté (em outros mitos com Naé Agbé), tornando-se então um elo entre os voduns do céu (jí-voduns) e os voduns do oceano (tó-voduns). Desempenha a função de mensageiro entre estes voduns. É visto como um vodun jovem, com idade semelhante a de um adolescente. Vive na beira do mar e tem como símbolos o machado simples, o anzol e o punhal. Suas cores são o azul, o vermelho e o branco. Na Casa das Minas é usado o termo tóquen ( tóqüen ) ou toqueno (toqüeno) para designar Averekete e outros voduns jovens tidos como adolescentes.
No Jeje Mahi, Averekete pertence a família dos Voduns Kavionos (ou Hevioso), visto como o filho mais jovem de Sogbo.

Ajaunsi é um vodun masculino, pertencente ao panteão da terra e extremamente coligado ao universo das Naés (mães d’água). É um exímio caçador e pescador, e vive na beira dos rios acompanhando as Naés. Rege os animais que vivem tanto na terra quanto na água, tais como répteis, anfíbios e alguns pássaros. Divindade da juventude e da alegria, representa a inocência e a pureza, protegendo as pessoas durante a fase jovem. Responsável por todo o aprendizado das crianças, desde fala até mesmo o andar. Suas cores variam entre o azul, o verde e o amarelo. 

NAÊS OU MAMI WATA E AS TOGBOSIS.

                                         NAÊS OU MAMI WATA E AS TOGBOSIS.




Mami Wata é uma corruptela da palavra “Mommy Water” e significa “mãezinha da água”. Naé significa “mãe”. É o nome coletivo das deusas daomeanas das águas doces ou salgadas. Vivem em plena harmonia com todas as divindades destes habitat e por essa razão convencionou-se chamar Yemanjá e Òsún, nas casas Jejes, de Mami Wata ou Naé.
As Naés são mulheres muito vaidosas, caridosas, algumas são guerreiras e outras caçadoras. Adoram o brilho das pedras e do ouro e gostam de se adornar com colares de conchas e caramujos, pulseiras, etc.
Algumas Naés vivem na superfície das águas, são as mais falantes e adoram se enfeitar. Gostam de passear pela mata, caçar, junto com Agué aprenderam o domínio das folhas, pescam junto com Averekete. São as mais vaidosas e são muito juviais. Já outras preferem as profundezas das águas, gostam de ficar quietas e não são muito falantes, mas são muito bondosas e compreensivas.
As mais misteriosas e feiticeiras, são as Naés que habitam as águas paradas. Acredita-se que estas Naés estam ligada à feitiçaria, ao culto dos Akututus (Eguns) e são conhecedoras da alta magia, além de ser as mais guerreiras. Mantém ligações também com Nanã.
Muitos consideram e convencionam chamar de Togbosì (onde Tò: água; gbo: grande quantidade; sì: dando idéia de “pertencer”, podendo também significar “esposa”)  às divindades do panteão Mami Wata. O fato é que esta palavra já é utilizada para designar um outro grupo de Voduns (a palavra mais adequada seria sub-voduns) meninas, que pertenciam à realeza do antigo Dahomey. As Togbosi eram cultuadas no Brasil no Kwerenbentan to Zomadonu (Casa das Minas) até a década de 60 aproximadamente. Elas só chegavam nas Vodunsì Gonjai, mulheres com plena iniciação. Cada Tògbosì era particular de sua Gonjai. Após a morte dessa Gonjai, aquela Tògbosì não chagava mais. Sua missão havia terminado ali. Com o tempo perdeu-se o fundamento destas princesinhas voduns e deixaram de ser cultuadas. A preparação das Gonjai durava 9 dias e eram recolhidas em um barco denominado “Barco das Meninas” ou “Barco das Novidades”. No Benin as Tògbosì ainda tem culto organizado nos rituais dos Voduns Reais, elas simbolizam a ultima fase de preparação das Vodunsis.
Voltando às Naés, abaixo algumas, mais conhecidas:
Naé Aziri: Esta Naé habita o fundo das águas doces, representada por uma serpente aquática, e que é muito confundida com Òsún. Tem fundamentos com Dan.
Aziri Tògbosì: É tida como a mais importante mãe das águas da Nação Jeje Mahi. Habita o fundo das águas, tanto doces como salgadas, veste-se de branco e usa um colar de pérolas. Tem ligações com a mãe nagô Yemanjá.
Naé Gorejí: É uma menina que adora passear pelas águas. Ligada às águas doces e salgadas, seu local preferido são as lagoas, onde ela adora brincar com os patos e aprender com as velhas Naés das águas paradas o segredo da magia. Em alguns aspectos se assemelha a Òsún, pois é muito vaidosa e adora as crianças. Em seus assentamentos podemos encontrar vários brinquedos de meninas.
Sayò: É a sereia que vive sobre as ondas do mar. Está ligada à Naé Agbé e junto com ela sempre que podem evitam os afogamentos e salvam vidas.
Naé Agbé: muito ligada e por vezes confundida com Yemanjá, esta Naé é velha e habita o fundo das águas. Representa todo o conhecimento e a inteligência dos seres, está ligada à verdade, é ela quem faz que a verdade sempre apareça. (Não confundir com o vodun Agbé Tayó que é o Rei do Oceano, nem com Agbé Gèlèdè e Agbé Afefé que são voduns guerreiras ligadas aos ventos, raios e akututus (eguns)).
Òsún: vodun de origem nagô, senhora da beleza e das águas doces, sendo uma mãe muito importante nos cultos de Jeje Mahi.
Yemanjá: vodun de origem nagô, senhora do oceano e considerada a mãe dos demais nagô-voduns. Está ligada ao conhecimento e a inteligência, à família e à maternidade.



OS CANDOMBLÉS JEJES NO BRASIL.


                                          OS CANDOMBLÉS JEJES NO BRASIL.




Candomblé de Jeje

Djedje (jeje) é uma palavra de origem yoruba que significa estrangeiro, forasteiro e estranho; que recebeu uma conotação pejorativa como “inimigo”, por parte dos povos conquistados pelos reis de Dahomey e seu exército. Segundo a história, quando os conquistadores eram avistados pelos nativos de uma aldeia, muitos gritavam dando o alarme “Pou okan, djedje hum wa!” (olhem, os jejes estão chegando!). Quando os primeiros daomeanos chegaram ao Brasil como escravos, aqueles que já estavam aqui reconheceram o inimigo e gritaram “Pou okan, djedje hum wa!”; e assim ficou conhecido o culto dos Voduns no Brasil “nação Jeje”. A nação jeje pode ser divididas em vários segmentos dependendo da origem. Assim temos o Jeje-Mahi, o Jeje Dahomey, o Jeje Savalu, o Jeje Modubi, o Tambor de Mina (Jeje Mina) encontrado sobretudo no Maranhão, onde também se encontra o segmento Jeje-Fanti-Ashanti.
Jeje Mahi (Djedje Maxi)
Os mahis cultuam voduns que se relacionam diretamente com os orixás e deles tiveram origem de culto na África, e de sua região mahi. Assim comumente ouvimos “sou de Xangô de um filho de Sógbó”.
Eguns e voduns que tiveram vida terrena como os reais do Dahomey não são cultuados em Mahi, todos os antepassados da casa são reverenciados saudando-se e ofertando-se ao vodun Ayizan, que sempre está a frente da casa principal (Ayizan, que em Mahi, é vista como esposa de Legba e ligada a terra, a morte  e aos ancestrais). Os Voduns de Jeje-Mahi são aqueles que assim como os Orixás, não possuem sepultura, são antepassados míticos.
O Vodum que representa a Nação Jeje Mahi é Gbesen (Bessém).
O Jeje-Mahi foi fundamentado no Brasil pela africana Ludovina Pessoa, da cidade de Mahi. Segundo a tradição ela foi escolhida pelos Voduns para fundar três terreiros:
  • Zòogodo Bogum Malé Hundò ou Terreiro do Bogum, para Hevioso.
  • Zòogodo Bogum Malé Seja Undè ou Kwe Seja Undê para Dan.
  • E o outro para Ajunsun Sakpata que não se sabe por que não foi fundado.
o Jeje Modubi tem culto fundamentados para os Akututos (Eguns), segmento onde reina o Vodum Azonsu.
Tambor de Mina
O Tambor de Mina é o nome mais difundido da cultura africana no Maranhão. Mina deriva de negro-Mina de São Jorge da Mina, denominação dada aos escravos procedentes da “costa situada a leste do Castelo de São Jorge da Mina” (Verger, 1987: 12) , no atual República do Gana, trazidos da região das hoje Repúblicas do Togo, Benin e da Nigéria, que eram conhecidos principalmente como negros mina-jejes e mina-nagôs.
O Tambor de Mina cultua em grande parte os Voduns reais de Dahomey, alguns nagôs (orixás) e também os Encantados (que seriam os Caboclos).

OS VODUNS NO CANDOMBLÉ

                                          OS VODUNS NO CANDOMBLÉ




Dan (Serpente) para nós, pertencentes a nação Jeje Mahi, é considerado o  maior Vodun dentro do culto. A família de Dan  é composta por muitos Voduns, todos eles com sua importância para os povos Fon. Dizem os mais antigos que, existem 3 reis e patronos da nação Jeje Mahi: DànGbé (Bessém), Sògbó e Azansú. Assim como Oxóssi tem sua importância para o Ketu, e Kitembo tem sua importância para Angola, esses três reis seriam a grande potência da nação, sendo reverenciados e cultuados por todos os filhos, independentes de seus voduns. Dentre esses três reis, se destaca Bessém por ser um dos primeiros deuses a existir e dele tudo nascer. Bessém é a serpente da vida, aquela cujo morder a própria cauda deu origem ao movimento de rotação e translação da terra e a partir daí, sendo possível a existência de vida no planeta. Os patriarcas da família de Dan é o casal Aidóhwedó e Dangbadáhwedó (Dambala). Aidóhwedó seria a serpente arco-íris e Dambala seria seu reflexo nas águas. Logo Dan seria a origem de tudo no planeta, sendo um dos responsáveis por sua existência e por sua habitação. Dentro da nação Jeje, Dan é o maior vodun, e a serpente, seu maior símbolo, sendo a representação viva de seu poder. A serpente representa o movimento e o dinamismo, uma vez que consegue se locomover com extrema facilidade e habilidade sem ser provida de patas ou outros membros; representa também a transformação, a evolução e a metamorfose, uma vez que troca de pele e se renova com frequência para poder crescer e se expandir; além de ser uma hábil caçadora e algumas espécies serem detentoras de poderosos venenos, mostrando seu poder e ao mesmo tempo exigindo cautela e respeito por parte dos demais animais e até mesmo nós seres humanos. Dan não é só representado pela serpente mas também pelo arco-íris que da mesma forma, possui grande significado para os dahomeanos uma vez que, sua presença nos céus é presságio de que não irá mais chover além de encantar pela sua beleza. No antigo Dahomey, são inúmeras as lendas que mistificam a natureza dessa divindade, sempre enaltecendo sua grandeza, sua realeza e seu poder. Muitos são os voduns que compõe a família Dan, sendo Bessém  o mais conhecido e louvado, sendo seu nome sinônimo da própria vida. Destacam-se também Frekwén ou Kwénkwén, Ojikún ou Dan Jikún, Bossá ou Bossalabê e seu irmão gêmeo Bosukó, Dan Ikó ou Dankó, Azannadô ou Azoannadô, Bafono Deká dentre outros, cada um com sua particularidade e mitos. A grande festividade para esse vodun é o Gboitá, ritual realizado no início do ano e que envolve todos os demais voduns, cada um recebendo as oferendas cabíveis e sacrifícios em seus Atisás (árvores sagradas com assentos). Após o Zandró, todos os voduns são invocados e já saem vestidos no arrebate, não existindo roda para invocá-los na sala. Seu presente, o gbòitá é carregado por Ogun e depois posto aos seus pés, iniciando assim o ano e agradecendo pela vida e por todo seu poder. O àndè (poço) é seu principal símbolo e é indispensável dentro de uma casa de Jeje. O poço simboliza a abundância (uma vez que enquanto tiver poço, se tem água e nunca faltará), além de representar um portal, entre o mundo subterrâneo e o nosso mundo, extraindo água do interior da terra, unindo de certa forma, ambos os elementos. Dan simboliza a riqueza, a prosperidade e a abundância. Une o macho e a fêmea, sendo sempre cultuado em casal e recebendo como sacrifícios animais de ambos os sexos. Dizem os mais antigos que serpente nunca anda só, onde uma está a outra está por perto, a espreita. Para os iorubás Dan é chamado de Òsúmárè, deixando de exercer função de rei para ser súdito de Xangô (divindade do fogo e trovões). Segundo os mitos iorubás, Oxumaré leva água para o castelo de Xangô, no alto das nuvens, representando a devolução, trazendo água da terra para o céu e vice-versa. Essa transformação de Rei para súdito se dá pelo fato de conflitos entre povos Dahomeanos e povos iorubás, onde ambos sempre tentavam invadir suas cidades e escravizar seus habitantes. O fato é que Dahomey e demais povos iorubás sempre guerrearam, gerando uma aglutinação de cultos e distorção de fatos. Dan é o grande Deus da transformação, senhor da vidência juntamente com Fá (vodun similar ao orixá Òrúnmíllá dos povos iorubás) englobando tudo o que se diz respeito ao presente, passado e futuro. Representa a sorte, a versatilidade e o conhecimento, sendo a divindade do raciocínio e da expansão. Tem como colares o brájá (feito de búzios devidamente encaixados lembrando escamas de serpente, representando a realeza e a riqueza) e o húnjèvè, sendo este dado apenas aqueles cujo processo de iniciação está completo, com suas obrigações pagas, representando a maior idade e sendo o único colar que vai com o neófito mesmo após sua morte, como se fosse uma espécie de “senha” para ser recebido no mundo dos Voduns. Seu simbolo é o Draká, seta adornada com duas serpentes mas, não é errado vermos alguns voduns Dàn com outras insígnias em suas mãos tais como Adaga, òfá, garras, ágbégbé. variando conforme conhecimento do sacerdote e caminhos do Vodun. Sua vestimenta varia conforme vodun, mas sua cor preferida é o branco, por simbolizar a união de todas as cores.
Alguns Voduns Dan
DanGbé, Dàn Gbé Sén ou Gbesén (Bessém): o nome significa “adorar a vida”, é o Ako Vodun (Vodun Principal) do povo Jeje Mahi, dono do Sejá Hunde. É o Vodun ligado a vida e a renovação.
Frekwen, Flekwen ou Kwenkwen: Feminina, irmã gêmea de Tokwen e ambos são filhos
de Aido Wedo e Dangbala. Guardiã do arco-íris em volta do sol. Também conhecida como Frekenda. Alguns dizem que é representada pelas cobras venenosas. Considerada pelos Jeje Mahi como a esposa (ou uma das esposas) de Bessém.
Dan Jikú, Ojikún ou Dan Jikun: Junto com Ewá, vive na parte branca do arco-íris e no arco-íris da lua. É quem trás as chuvas e é considerada uma das esposas de Bessém.
Azannadô, Azannawodô ou Azonadô: Este é um vodun ligado aos voduns de morada na árvore, como Loko. Era cultuado em uma grande árvore no Bogun. É um principe e é o símbolo da fartura.
Bosalabe: Toquem (adolescente) feminina, irmã gêmea de Bosuko e irmã de Ewá. Muito alegre e faceira vive nas águas doces. É conhecida também como Vodum Bossá.
Bosuko: Masculino, toquem (adolescente) e gêmeo de Bossá.
Dan Ikó: Ligada e por vezes confundida com Lissá e Oxalá.
Aidóhwedó, Aido Wedo ou Dan Aido Wedo: É a “Serpente Arco-Íris”, um Vodun raro e pouco conhecido, suas escamas tem o poder de refração de luz, formando assim o arco-íris.
Dangbadahwedo Dangbala ou Dangbala Wedo: Companheiro de Aido Wedo, e são pais de vários Voduns Dan. Dangbala é um vodun muito antigo, acredita-se que esteve presente na criação do mundo. Poucas são as casas que tem fundamentos para fazer Aido Wedo e Dangbala. No culto creole do Haiti (Vodu) são tidos como os maiores Lwás (deuses do vodu).
Azli, Naê Aziri ou Aziri Tolá: É tida como uma serpente das águas, muito confundida com Òsún. Habita o fundo das águas doces e se veste de amarelo bem clarinho. Também muito confundida com Azli Togbosi (Aziri Tobôssi).
Bafono ou Bafono Deká: Vodun masculino da família de Dan, com corpo de cobra e cabeça de crocodilo. Vive junto a Aziri no fundo das águas.
Obs.: No Ketu, muitos destes voduns são considerados qualidades de Oxumaré.

ÒRÌSÀ OKO



ÒRÌSÀ OKO
Considerado por muitos um caminho do Obàtálá ou òrìsà funfun. Òrìsà Teko (Eteko) é também chamado de Òrìsà Ijugbe ou ainda Lejugbe (Senhor da Ijugbe)... pois é o padroeiro dessa cidade. Ele é o Òrìsà da agricultura, dos granjeiros, dos inhames, das sementes, da fertilidade da terra e também é quem atrai a chuva para beneficio dos semeadores. No principio, Ijugbe era uma aldeia de granjeiros, o sacerdote do culto do Òrìsà Teko, quem segundo a tradiçao era o primeiro em prantar o inhame para o Òrìsà abençoar as colheitas. Do mesmo jeito, os primeiros inhames da colheita eram destinados ao Òrìsà Teko.
Òrìsà Teko é conhecido em outras regioes pelo nome de Òrìsà-Oko protetor da cidade Oko ou ainda “Òrìsà da agricultura / Òòsà-oko - Protetor das Fazendas”.
Originário da cidade de Irawo, onde era rei, foi banido da mesma, pois ficou leproso, indo morar no campo com sua mulher, daí provém o apelido ETEKO, que quer dizer: ETE = Leproso; OKO = Campo; “O leproso do campo”. Devido a sua doença, ele cobria o seu corpo do sol com um longo pano branco e caminha com dificultade, com ajuda de sua mulher construiu uma cabana de folhas de palmeira e os dois se estabeleceram colheitando frutos do mato e caçando guineas (galinhas d’angola). Naque tempo, os homens não sabiam como plantar e foi por acidente que ÒRÌSÀ-TEKO descobriu a arte da agricultura ensaiando com os inhames e mais adiante com frutas etc. Com o passar do tempo aprenderam também a plantar e reconhecer as qualidades medicinais das ervas. Depois de muitas provas com diferentes ervas, acharam a cura para sua doença. Depois de curar, eles voltaram para a cidade de Irawo, onde o povo lhes acolheu com alegria fazendo uma grande festa. ÒRÌSÀ-TEKO ensinou para seu povo a agricultura e o conhecimento das ervas medicinais. Após a sua morte Òrìsà-Teko, o povo não esqueceu ele, pelo contrário, continuaram a contar a história de Òrìsà-Teko para seus descendentes. Após muitos anos, Òrìsà-Teko foi divinizado e virou padroeiro dos agricultores.
Teria sido um grupo de caçadores, seguidores de ÒRÌSÀ-TEKO quem fundou a cidade de Oko, levando o seu culto com eles. ÒRÌSÀ-TEKO passaria então a ser conhecido como ÒRÌSÀ-OKO (padroeiro de Oko) sendo na verdade que Òrìsà-Teko / Òrìsà-Oko trata-se do mesmo Òrìsà. No entanto, o nome “Òrìsà-Oko” é muito mais difundido pelo fato de ser quem ensinou a agricultura, a palavra “oko”, além de “campo”, também quer dizer: plantaçao, semeando, agricultura.
No culto do Òrìsà-Oko (ou Eteko / Ijugbe, dependendo o lugar muda o nome) na Africa, Acredita-se que este Òrìsà cura a malária e outras doenças ligadas aos lavradores no campo.
As abelhas são suas mensageiras.
Uma outra lenda conta o siguinte sobre a importancia do cajado do Òrìsà-Oko:
“Òrìsà Oko era um velho que desceu do Céu e vivia de suas lavouras. Ele tinha muitos filhos, que moravam na cidade de Irawo. Quando seus filhos iam visitá-lo, algumas vezes o viam e algumas vezes não. Ele caminhava lentamente, apoiado em um cajado, e sentava-se para descansar. Quando ficou muito velho, seus filhos o levaram para morar com eles na cidade. Homens que carregavam o produto das lavouras do velho vinham sempre à cidade e indagavam onde ele morava. Os habitantes da cidade, intrigados, foram vê-lo, levaram-lhe presentes e honraram-no. Um belo dia ele morreu e seu corpo desapareceu. Ficou apenas seu cajado e prestaram-lhe todas as honras que outrora eram prestadas ao velho.”
Em outras historias, Òrìsà-Oko era um velho caçador que tinha um cachorro e descobriu a agricultura após reparar que umas sementes enterradas pelo cachorro começaram a crescer.
Isso nós reforça a idéia de que:
Òrìsà-Oko Tbm seria um dos Deuses da caça, companheiro de Ògún e, tal como Ògún e Òsóòsí, é patrono dos caçadores. Um de seus nomes de louvor é ´´Caçador de elefantes`` que mantém sua casa limpa" (Ode erin a mulé mo) Arte cujo seu filho Erínlè herda ( Erínlè quer dizer elefante (Erin) em-o-terra (ilè) ou terra-elefante – Ou mesmo o grande caçador de elefantes; a palavra caçador (Ode) é usada para designar seus fieis; algumas de suas cantigas também se referem a ele como caçador.
Pois numa certa localidade: Òrìsà-Oko é pai de Erínlè juntamente com Ìyá Apáòka sua esposa e mãe do orisá Erinlé. No OdùOgbe – Odi, nasce a consagração de ÒrìsàOko, como dono dos semeados e da lavoura, tornando-se assim o Patrono dos Lavradores, assegurando desta forma nossa prosperidade na Terra.
Òrìsà-Oko, faz com que a palavra proferida, seja cumprida, graças à um pacto entre este e Olódùmarè. Muito laborioso, sabe guardar profundamente os segredos. Dizem que seus testículos chegam a alcançar o solo.
Òrìsà Okô é o òrìsà da agricultura. Chibata de couro, cajado de madeira. Toca uma flauta de osso. Uma faca com fileira de búzios etc.
Òrìsà, pouco conhecido no brasil. Na época em que os escravos aqui chegaram, não deram muita importância a este Òrìsà, sendo assim acabamos por perder muitos dos seus fundamentos.
A responsabilidade da alimentação mundial, esta sob o domínio desta magnífica divindade. Simboliza a força de vontade, a permanência, a firmeza, a perseverança, a concretização, a resistência, a fartura e a estabilidade financeira.
O saber não ocupa espaço, e sim o vazio de nada saber.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

os 12 reinos da jurema sagrada.

                                           os 12 reinos da jurema sagrada.


1º REINO: REINO DO JUREMÁ_ Composto pelas Cidades: Juremá, Cidade Campos Verdes e Cidade Estrela D'Alva. Este Reino pertence aos primeiros catimbozeiros, os que iniciaram o culto de Jurema. Faz parte deste Reino os Caiporas, Curipiras, Mestres Curandeiros, Casamenteiros e Mestras Parteiras. Praticam magia imitativa e simpática. Há muitos Caboclos com poucas características de índios mas q entendem muito de remédios do mato. Este Reino é governado por Tupã que na mesa é chamado de Rei Tanaruê. Não acosta pq é como se fosse o nome de Deus chamado pelos índios. Toda a falange de Tupínambá vem através deste Reino. Os Mestres Inácio de Oliveira, Roldão de Oliveira e Maria do Acais são os que estão a frente das cidades. Este Reino tem a função de melhorar a vida das pessoas trazendo prosperidade, inteligência e despertar a ciência dos discípulos. Na árvore da Jurema este reino está na semente.




2º REINO – REINO DO VAJUCÁ

Dizem os antigos que este Reino fica na direção norte de quem está no RN ou na PB e quem tem a Ciência da vidência vê no céu quando o dia começa a nascer e isto somente por alguns segundos. Este é um Reino de Muitos Mestres que viveram no RN e redondezas. Há muitos Caboclos e Pretos-velhos, neste Reino. Diz-se que o Vajucá está divido em duas partes: Uma tomada por florestas e com muitas tribos de índios "brabos" e a outra metade é constituida por caatinga. Ester Reino está sob a direção de Rei Heron que é o Rei dono de todas as doenças e se apresenta com um grande chapéu de palha adornado com uma "franja" de agave desfiada indo até quase a cintura. O Reino do Vajucá é constituídos por Mestres que trabalham com plantas e a própria terra. Sabem fazer remédios com argila e ervas torradas sendo também exímios preparadores de misturas para cachimbo, usadas em diversos atendimentos espirituais. Mestres Carlos, João da Mata e Mestra Fuastina são os representantes das Cidades deste Reino. As Cidades são: Aldeia Vajucá, Aldeia Mata Virgem e Aldeia Arruda



3º REINO ANGICO

Angico além de ser o nome deste reinado, tambem ´´e o nome de uma árvore muito importante em nosso culto que leva o mesmo nome deste reino. Este reinado traz o poder da proteção, do fechar do corpo e do espirito para os males do mundo. Neste local, vários espíritos que se destacaram pela manipulação dos poderes encandados das águas e de feitiços ligados a alma feminina; tais como Mestra Aninha, Mestra Joana Pé de Chita, Sibamba e etc ...





4ºREINO TANEMA

É interessante falar sobre este reino corrigindo a pronuncia que algumas pessoas ao falar ou cantar sobre este reinado, errôneamente o chamam de PANEMA. Panema é um mal súbto, uma doença parecida com o BANZO dos negros, um tipo de depressão causada por encantamento com o objetivo de fazer o atingido definhar.
Tanema é um reino de transformação e equilíbrio; um reino onde as coisas e pessoas passam e se trasmutam, um reino de renovação ... Neste reinado encontraremos muitos CURANDEIROS, CIGANOS, PAJÉS e outros entes que trabalham e cuidam de ervas e animais




5º REINO DO TIGRE

Neste Local estão alocados os índios que foram massacrados, os feiticeiros que foram condenados e torturados por serem bruxos, magos negros, kabalistas e etc ... Este é o reino da guerra e do conflito, dele é que tiramos a FORÇA para os trabalhos de "fumaça as esquerdas", que são rituais onde evocamos o PODER DE ANIQUILAÇÃO impregnado neste reino para diluirmos cituações indigestas ou aparentemente intransponíveis em nossa vida







6º REINO DO BOM FLORAR

Parecido com o Reino de Tanema, onde estão se transformando as energias; O Reino do Bom Florar é um local onde já estão estabelecidos os vículos eco-existenciais com os seres animais, vegetais e humanos ... morada dos antigos pajés e de Mestres raizeiros; Este reino é repleto de entes iluminados ... a maioria dos mestres que trabalham ligados a este lugar, se dedicam a trabalhar em magias curativas




7º REINO URUBA

Este Reino é um marco da influencia da cultura negra dentro do Culto da Jurema Sagrada. Este reino é o meu favorito, pois tenho uma grande ligação espiritual com ele .... Neste lugar encontraremos vários Quilombos mistos de negros, índios e brancos foragidos ... Nas terras deste reino estão estabelecidos muitos VODUNS e PRETOS VELHOS, além do predomínio de negros de orígem efon (DJEDJE)







8º REINO DAS 7 COVAS DE SALOMÃO

Neste lugar esta o berço da ciência profética e mistica da Jurema. Nele morão os espíritos que são pilares das ciencias ocultas e por ele passam povos de mistério para buscar SABEDORIA para suas jornadas, dentre eles O POVO CIGANO entre outros.
É um reino de muitos mistérios, onde se trabalham com ladainhas, em silêncio ou cantando ... Sua localização muda de 12 em 12 horas; por tanto só catimbozeiros de muita ciencia conseguem contato para trabalhar com os mestres e as energias deste lugar bendito




9º REINO DO RIO VERDE

Este reino é uma ilha de matas densas e virgens; pois na verdade suas cidades encantadas estão debaixo das águas.

Reino onde é soberano o poderio feminino e de morada de encantados como botos, marinheiros, caravelas, sereias, ondinas e etc.

O Reino do Rio Verde é composto por 3 Aldeias que são:

· Aldeia do Rio Verde,

· Aldeia do Riacho Bonito

· Aldeia das Ondinas.

Apesar dessas aldeias serem submersas existe uma ilha no meio do Reino cheia de muitos rios e floresta onde muitos índios e caboclos vão buscar força e ciência.

Caboclo Rio Verde, Caboclo Rio Negro, Caboclo Maresia ( Rio Mar ) e tantos outros são oriundos daí.

Esse reino é o que purifica as almas e é representado por uma pena por ser de sabedoria e evolução.

O Renio do Rio Verde não tem Rei, tem Rainha que se chama: Rainha Aurora, mãe da princesinha Flora, do Príncipe Rio Verde, do príncipe Boço Jara, Do Príncipe Rio Negro e do Príncipe Maresia.

Rainha Aurora se casou com o Príncipe Fleximar e teve com ela dois rios (Verde e Negro) que eram gêmeos e acabaram por ordem do Rei Tanaruê gerando o príncipe solimões, com uma cuia mágica dada por Tanaruê.

Maresia é um encantado filho de um branco com a rainha Aurora e Boço Jara é filho do Rei da Turquia.

O Príncipe Rio Negro se encanta num pé de Taioba roxo e o Rio Verde num Irapuru.

Água Clara é uma das 12 meninas da saia verde é também outro nome como é conhecido o Reino do Rio Verde.

A ciência de consagração de Aninha do Agiró vem daí.

Quando O Príncipe Rio Verde vem como um Caboclo muitas vezes da o nome de Caboclo Lírio.





10º REINO DO ACAES

Este é o marco do Reinado dos Mestres na terra, lugar onde se iniciou e se ASSENTOU AS ALIANÇAS COM OS ENCANTES, para se firmar o contato, o conhecimento e o intercâmbio com os Reinados da Jurema. Morada e portão de passagem para os Mestres mais importantes dos primórdios dos cultos da Jurema no Nordeste que são Mestre Manoel Cadete, Mestre Machado Bravo, Mestre José Phelintra e etc




11ºREINO DE CANINDÉ

Este é um Reinado muito importante e ha quem diga que é por ele que encontramos as explicações e os motivos de existirem os sacrifícios de animais para a Jurema ... Local onde ha a unificação das várias etnias de índios em um só local vivendo em sua harmonia cultural, com suas pajelanças e mitos. Neste reinado como o próprio nome diz quem rege é o REI CANIDÉ o filho de Tupã, Senhor das festas, bebidas e da guerra

12º REINO DE TRONOS

O ultimo e mais misteriosos dos reinos. Nele se encontram os Reinados, Tronos e potestades do mundo espiritual... Local onde vivem e trabalham os ANJOS ( de todas as espécies). Neste reinado trabalham-se com o PODER DIVINO através de uma outra forma mais sútil da magia; o que para os esotéricos seria onde se guardam os DOGMAS DA ALTA MAGIA. Trocando em miúdos este reinado é fonte de PURIFICAÇÃO da espiritualidade do Culto da Jurema Sagrada.
 obs essa ciência é pertencente a irmandade reino do vajuca, uma irmandade formada no bairro do alecrim em Natal rio grande do norte no ano de 1977 na pessoa do mestre jaguar que era discípulo de Severino estevão ( pai domingos) que por sua vez era afilhado de Geraldo guedes, na qual me orgulho imensamente de fazer parte dessa ciência!







sexta-feira, 21 de agosto de 2015

OLOROKE O REI DE EFON.

OLOROKE O REI DE EFON
Maria Violão (Iya Adebolú) e Tio Firmo (Baba Irufá) nos deixaram uma boa herança...
No ano de 1856 era fundada a nação Efon no Brasil pelo... casal de africanos citados acima, e o "Asé Yangba Oloroke ti Efon" foi o berço da nação, cujo o patrono e OLOROKE, o Orisa de Mãe Maria Violão, o senhor das montanhas.
Oloroke é representando pelo leão da montanha (Ekun Oke), pela árvore Baobá (Iggi Ose), pela lava e obviamente pelas montanhas.
Seu culto vem da região Lokiti Efon, Nigéria.
Se conta que os Deuses desceram a primeira vez sobre a terra graças a Oloroke que fez a terra se elevar acima das águas de Yeye Olokun formando um grande monte/vulcão por onde os deuses passaram.
Oloroke é sim o Rei de Efon e sua filha é a Rainha Osun, Deusa das águas doces .
O rosto de Oloroke esta sempre coberto, ele é um justiceiro e por isso evita ver as pessoas ja que se ve-las ele ira castiga-las por seus pecados.
Uma Lenda:
No princípio Olokun reinava só no mundo. Mas Olofin estava triste aborrecido com isso, faltava-lhe algo.
Foi então que Oroiná com a força que lhe deu Olodumaré, fez surgir a primeira colina do fundo do mar.
Assim foi como nasceu Orisa Oke.
Olodumare reuniu os demais Orisa em Oloroke e mostrou a cada um o seu domínio. Sem Oke ninguém poderia ter feito nada e por isso sempre há que se lembrar dele e fazer-lhe sacrifícios.
A yi(a)ra oke
Oloroke Oloroke
(Nosso povo esta na montanha
Oloroke, Senhor que recebe suas oferendas na montanha)
Epi Imole!
Da casa de Oloroke saíram grandes nomes tais como:
Mãe Milu
Paulo de Sango
Matilde de Jagun (Baba Oluwa)
Cristóvão de Ogun (Ogun Anauegi)
Celina de Iemonjá
Crispina de Ogun
Waldomiro de Xangô (Pai Baiano, Orunkó Obálokitiassi)
Noélia de Osun
Ya Ada de Omolu (Sacerdotisa da nação no estado de São Paulo no Ile Oluaye Omode Okorin Efan)
Baba Rosivaldo de Osumare
Paulo do Efon ( Asé Oloroke Oba Orun Olosunta, Bauru - São Paulo)
Obviamente houveram muitos iniciados na casa de Oloroke, e deste Ase nasceram muitos outros.
OLOROKE NÃO É GRANDE
OLOROKE É IMENSO
Saudação a todos os frutos desta Raiz!
AWURE!

ORISA OTIM IRMÃ DE OLOOGUNEDE.

OTÌN BÒRÒ ODE!!! (Otin venha ajudar Odé)
Ayabá Otin:
* Porque é tão rara
*Irmã de Logun...
*Filha de Erinlé
*Esposa de Oxóssi
*Características dos filhos

Erinlé gerou um filho com Ipondá, chamado Logun'Edé.
Apos isso Erinle se casou com Abatan (Ayabá do Pântano) e com ela gerou Otin.
Na mata Otin conheceu meio irmão de seu pai, Oxóssi.
Otin se casou com Oxóssi (Odé de Ifé/Ketu) e com ele gerou um filho caçador, Odé Oti.
Otin é Orisa de Efon, se inicia sim em Homens e Mulheres. Não pega juntó, é a principal mulher Caçadora (Obirin Odé), sempre junto com os Odé's.
Otin é rara porque na maioria casas Ketu ela foi diminuída a "Qualidade de Osun", mas nas Efon e mesmo as de Ketu que buscam mais a fundo os rituais, Otin é Ayabá sim, se veste de Azul claro, rosa claro e verde claro, usa abebê, Ofá, lança, e um Obáirú (erukere com osso, duro, que é atribuído a pessoas da realeza), e ela usa um filá que cobre so metade da face.
Existe uma lenda que diz que Otin so pega a cabeça dos filhos mais amados, os que ela faz absoluta questão, pois ela tem o hábito de dar seus Omó para Oxóssi.
*Características dos Filhos de Otin:
São pessoas de facil convívio, não são revoltados com Nada, eles sempre pensam bem e fazem tudo com cautela. Sao inseguros no amor, sempre temendo perder a pessoa amada. São humildes, não exibem e não esbanjam Nada, gostam de uma vida comedida. No geral são magros e esguios, olhos marcantes. Não tem muitos amigos pois não gostam de muvuca, se concentram em poucas mais leais amizades. Não sentem inveja, preferem viver a propria vida do que se espelhar na dos outros. Muito raro Zeladores de Otin, ela não tem ambição por ser dona de Ilê, ela somente quer ser dona dos filhos.
Otin nasceu com três seios.
Por sua deficiência fisica ela possui um forte sentimento de inferioridade, mas isso deve ser combatido, ja que não ha nada que a diminua.
Otin tem dois talentos: caçar e cozinhar. Mas não gosta de Agricultura, não planta nada, ela colhe o que a natureza dá.
Responde nos Odú's Obará Meji, Eji Onilê e Osê Meji.
Saudação: Otíla!!! Oke Mambo Otin!!!
Divindades da caça que eles vivem nas florestas. Seus principais símbolos são o arco e flecha, chamado OFÁ. Em algumas lendas aparece como irmão de Ogum e de Bará. Vivem nas matas, caçando, por isso, protege os caçadores em suas expedições. É casado com Otim formando um casal inseparável, onde está um está o outro. Odé caça, mas fica com pena dos bichos e dá para sua mulher Otim.
Saudação: Oquebambo Dia da Semana: Sexta-feira, pois é o dia da Iemanjá, que é mãe de Odé, Número: 07 e seus múltiplos
Cor: Azul forte e branco para Odé e Azul forte e rosa para Otim
Guia: 01 conta azul, 01 conta branca, 01 conta azul para Odé 01 conta rosa, 01 conta azul, 01 conta rosa para Otim
Adjuntós: Odé com Otim ou Iemanjá Bocí (neste caso normalmente a Otim passará para a "passagem"). Otim com Odé
Ferramentas: Arco e flecha, funda, bodoque, moedas e búzios
Ave: Frango pintado(colorido) Odé e galinha pintada(colorida) para Otim Quatro pé: Casal de porco
CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS - Os filhos de Odé e Otim são reservados para sí próprios e gostam da solidão. São quietos, fechados e considerados de difícil convivência, são responsáveis e quando assumem responsabilidade procuram sempre cumprir. São dedicadas a casa e a família.
TRAÇOS POSITIVOS - Analítico, meticuloso, modesto, ordeiro como ninguém, discriminativo.
TRAÇOS NEGATIVOS - Minucioso ao extremo, preocupadíssimo, hipercrítico, anormalmente convencional, enfadonho.
CARATER - Extremamente prático, mas com tendência para os detalhes, sendo muito cuidadosos e prontos a ajudar os outros. Eles adoram os detalhes, muitas vezes são dominados por eles na busca da perfeição, com isto podem perder a visão do quadro geral, sua força motriz é servir.
A MENTE - Pode não ser da mais alta ordem intelectual, no mínimo porque lhe falta amplidão de visão, mas provavelmente é mais capaz do que qualquer outra pessoa para a assimilação analítica e detalhada dos fatos. Maravilhoso pesquisador, porém costumam sofrer inibições e restrições, características que vem à superfície na forma de uma tendência a serem nervosos ou altamente sensíveis.
RELACIONAMENTOS EMOCIONAIS - A associação a castidade é tão óbvia que pode tornar difíceis os relacionamentos. Nem sempre é fácil, quando apaixonado exprimir-se tão integral ou ardentemente quando realmente desejaria.

ORISA DANKO PAI BIOLOGICO DE OYA!

O PAI BIOLÓGICO DE IANSÃ ORISA DANKÓ
Babá Dankó foi agregado a qualidade de Oxalá mas ele não é Oxalá, na verdade ele é um Funfun que tem culto próprio.
Dankó é... irmão de Akafojiyan, sendo que Akafojiyan mora no Bambuzal branco e Dankó no Bambuzal amarelo.
Dankó é o senhor do Bambuzal dos Eguns, se conta que a porta para o mundo dos mortos é o centro do Bambuzal. Dankó é muito reverenciado no candomblé Efon por ter profundas relações com Oloke.
O culto de Dankó é bem expressivo, sempre vemos Bambuzais com grandes laços brancos em consagração a esta divindade.

Vamos ver 2 itans de Dankó e sua filha Oyá:
Itan 1
* Dankó abandona sua filha Oyá
Orisa Dankó era o dono do Bambuzal dos eguns, e la ele conheceu Anambukú e com ela teve um filho. Anambuku assim que pariu entregou a criança a Dankó, e lhe disse que ele deveria criar a criança. Dankó não pode sair do Bambuzal por muito tempo, pois ele controla os Eguns. Percebendo que ali era um local cheio de maus espíritos, ele percebeu que não era um bom lugar para criar sua filha. Dankó pegou a bebe pelo calcanhar e a arressou o mais longe que pode, e a criança caiu nas florestas de Ifé. Odé Odulecê encontrou o bebe na mata, e então adotou a menina como sua filha. Até os dias de Hoje Oya saúda Odé Odulecê como seu pai.
Itan 2
* Oyá é malvada com Dankó
Oya não gosta de Babá Dankó, ela foi criada por Odulecê e não perdoa ter sido abandonada quando criança. Se conta que um dia Baba Dankó passeava na praia quando percebeu que Oya estava ali nadando nos Corais. Dankó chamou Oya para comprimentar sua filha, mas ela o desprezou, tomou seu cajado e atirou no mar. Dankó ficou muito triste e chorou muito, até que Osun o ajudou a recuperar seu cajado. Um dia Dankó caiu e machucou a perna nas pedras afiadas dos rochedos, e então ele viu Oyá voando entre as nuvens e pediu socorro. Oya foi até ele e colocou dendê na ferida, depois foi embora e deixou Baba Dankó sofrendo no chão. Dankó gritou por Osun que o ajudou a curar a ferida na perna e o restaurou completamente.
Pode muito tempo passar mas Oya nunca esquece quem lhe fez mal, ela nunca perdoará Dankó pelo abandono.
Dankó e Oya comungam do Mesmo Asé mas não são próximos.
Dankó é Deidade e em teoria não roda em cabeça de Yawo, mas existem casos de iniciados no Brasil.
Asé.