quinta-feira, 26 de maio de 2016

LENDA DE ODÉ KARÊ & ÓSÚN KARÊ

Iyemonjá passeava pelas matas quando
avistou de longe o pequeno Logun Edé
. Ela ficou por horas admirando a beleza
do pequenino. Foi até Orumilá, dizendo
que queria ter um filho que fosse tão
belo quanto ele. O sábio lhe disse que a
criança era mágica e encantada, pois era
fruto da união e do amor de seus pais.
Da mesma forma Iyemonjá
estava enlouquecida querendo ter um
filho com tal encanto. Orumilá lhe disse
que ela deveria pegar um obi, passa-lo no
ventre e logo após jogar nas águas. E
assim a rainha do mar foi até as águas
mais belas e límpidas, passou o obi em
seu ventre, mais na hora de jogar na
cachoeira, ela atirou errado e o obi caiu
em cima de uma pedra, que o dividiu ao
meio, caindo metade nas águas e a outra
metade no mato. E passando – se 9
meses, Iyemanjá deu a luz a um casal
de gêmeos, e deu- lhes o nome de Oxum
Karê e Odé Karê, e ambos eram tão belos
e encantados como Logun Edé. As
crianças cresceram travessas, Oxum se
vestia como Odé , e Odé como Oxum, e
por isso ninguém nunca sabia quem era
quem. Aprenderam a arte da caça, por
isso ambos levam o ofá ( arco e flecha ).
Em sua aldeia, quando estava na tempo-
rada de caça, Oxum Karê ao invés de
ficar lá com as mulheres preparando a
colheita e a lenha, ela ia para as longas
caçadas com seu irmão e com os demais
caçadores de sua aldeia. Odé ao invés
de caçar apenas nas matas com os
outros, passou a se embrenhar pelos rios
e cachoeiras se tornando junto dela um
ótimo pescador...
Assim o desejo de Iyemonjá se realizou,
pois Orumilá lhe deu dois encantos
caçadores das águas ! Até hoje muitos
acreditam que certa vez houve uma
grande seca, acabando com os rios e
animais, e por tamanha tristeza os Karê’s
tornaram-se um só, juntando assim o
obi novamente... Por isso os filhos de
Karê são doces como Oxum e
destemidos como Oxossi, por que são
orixás individuais, mais quando
necessário tornam – se uma só força,
uma só magia, um só ENCANTO !
Atender um pedido de uma amiga, que é de Karê e gostaria de saber um pouco sobre essa qualidade.
Kare é um bairro localizado em Lagos na Nigéria, próximo aos templos de Osogbo, Ilobu e Abeokuta, sendo o orixá cultuado nessa região Oxum, então Oxum Kare, ou seja Oxum de Kare. Justamente por essa proximidade, Oxum Kare aqui no Brasil, é identifcada como Filha de Yemonjá (Abeokutá) e Odé (Ilobu), e irmã de Odé Kare. Podemos observar que essa região recebe a influência desses dois povos, sendo assim é inevitável que houvesse essa associação, como mostra o mapa abaixo.
Aqui no Brasil, conta-se que após Odé ter tido um filho com Oxum, Logunedé, teria ido morar com Yemonjá, lembrando que não seria o Odé da região de Ketu, que é filho de Yemonjá e sim Erinlè que é filho de Opaoká. E com Yemonjá teria tido dois filhos, Odé Kare e Oxum Kare, quando Erinlè separou-se de Yemonjá, ela cortou sua língua para que ele não contasse os segredos do fundo do mar. Foi então que Odé Kare foi morar com seu pai nas matas e Oxum Kare continuou com sua mãe, morando no rio que desagua no mar. Após algum tempo Oxum Kare sentiu saudade de seu pai e foi visitá-lo, no caminho ela sentiu fome, porém como morava nos rios e não tinha costume de caçar, só levou sua bebé, então mesmo com fome seguiu até o encontro de seu pai, que emocionado deu a ela de presente o Ofá (Arco e flecha unidos), e ensinou a caçar, para que sempre que sentisse saudade de seu pai, pudesse fazer a viajem sem sentir fome.
Devido a associação a Odé, ela veste dourado e azul claro, e carrega um ofá no peito, em homenagem a seu pai, come omolokun com camarrão e ovos. Seu dia é o sábado como as demais yabas (Oxum, Yemonjá e Logun). Em alguns axés no 7 anos dessa qualidade, na primeira saída, leva um faisão dourado nos braços, uma alusão a lenda acima.
Existe sem duvida no Brasil uma questão muito polêmica sobre as multiplicação dos orixás chamada por todos de qualidade de santo.
Primeiro na África fica mais fácil o entendimento porque não há qualidade de Orixá, ou seja, em cada região cultua-se um determinado orixá que é considerado ancestral dessa região e, alguns orixás por sua importância acaba sendo conhecido em vários lugares como é o caso de Xango, Orumila, etc. é de se saber que Exu é cultuado em todo território africano.
Veja bem: Oxum da cidade de Osogbo é Oxum Osogbo, da região de Iponda é a Oxum de Iponda, Ogum da região de ire é Ogum de Ire (Onire: chefe de ire), do estado de Ondo é Ogum de Ondo,etc.
Na época do tráfico de escravos veio para o Brasil diversas etnias Ijexás, Oyos, Ibos, Ketus,etc e cada qual trouxe seus costumes juntos com seus orixás digamos particulares, e após a mistura dessas tribos e troca de informações entre eles cada sacerdote ou quem entendia de um determinado orixá trocaram fundamentos e a partir daí surge as qualidades, e essa quantidade de orixá presente aqui no Brasil, sendo que o orixá é o mesmo com origens diferenciadas.
É claro que por ter origens diferenciadas seus cultos possuem particularidades religiosas e até mesmo culturais por exemplo Oya Petu tem seus fundamentos assim como Oyá Tope terá o seu, isso nada mais é, que uma passagem do mesmo orixá por diversos lugares e cada povo passou a cultuá-lo de acordo com seus próprios costumes. Um exemplo mais nítido é que aqui fazemos muitos pratos para Oxum com feijão fradinho, entretanto num determinado país não há esse feijão portanto foi substituído por um grão semelhante e assim puderam continuar com o culto a Oxum sem a preocupação de importar o feijão fradinho.
Outro exemplo de orixá transformado em qualidade no Brasil é Oxum kare, Kare é uma louvação à Oxum quando se diz: Kare o Oxum! A palavra kare também é uma espécie de bairro na África, logo Oxum cultuada em kare é Oxum kare, e por ai vai surgindo desordenadamente essa quantidade de orixá aqui no Brasil. Imagine um rio que atravessa todo território Nigeriano e, em suas margens diversas etnias que num determinado local algumas pessoas diria que ali é a morada de Oxum Ijimu (cidade de Ijumu na região dos Ijexa), mais para frente em Iponda diria aqui é a morada de Oxum Iponda, mais para frente, em Ede esse rio terá o culto de logun Ede, o chefe de guerra de Ede segundo sua mitologia, e serão diversos orixás cultuados num mesmo rio por diversas etnias com pequenas particularidades. Isso acontece com todos orixás e suas mitologias fazem alusão a essas passagens e constantes peregrinação de seus sacerdotes quer por viagens comercias ou

5 comentários:

Ariana santos disse...

Alguns dizem que oxum kare passou pela guerra e diz a lenda que essa passagem pela guerra deixou danos em um dos joelhos??

Ariana santos disse...

Alguns dizem que oxum kare passou pela guerra e diz a lenda que essa passagem pela guerra deixou danos em um dos joelhos??

Unknown disse...

AMEI O COMENTARIO, FOI MUITO UTIL, AQUI A PRENDI VERDADEIRAMENTE SOBRE ESSE MEU ORIXA. PARABENS PELA POSTAGE, QUA AJUDA MUITA GENTE

Unknown disse...

Parabéns adorei a postagem,foi útil cada vez aprendo.
Obrigada.

Unknown disse...

Muito bom parabens