sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Os 16 mandamentos de IFÁ nascen do odu ikafun

OS 16 MANDAMENTOS DE IFÁ NASCEM DO ODU IKAFUN.

Este é um dos itans que explicam o porquê usamos palavras para cumprimentar um Babalawo. Existem outros que explicam de forma diferente, porém, o objetivo final é pedir bençãos ao Pai do Segredo, o Babalawo.

ÀBORÚ ABOYE ÀBOSÍSE, SÃO AS CONTRAÇÕES DAS PALAVRAS: KÍ EBÓ FIN, KÍ EBÓ DÁ, KÍ EBÓ O SE. ISTO QUER DIZER (MEU SACRIFÍCIO SERÁ AUTORIZADO, MEU SACRIFÍCIO SERÁ ACEITO, MEU SACRIFÍCIO SE MANIFESTARÁ).

RESPOSTA (OGBO ATO)

ITAN-ORUNMILA FOI ACUSADO ANTE OLODUMARE E TINHA QUE RESPONDER A SEIS ACUSAÇÕES FEITAS, PELAS OUTRAS DEIDADES. ANTE DE IR, CONSULTOU IFA QUE MANDOU-LHE FAZER SACRIFÍCIO COM UM MACACO. ÒRÚNMÌLÁ O FEZ. ELE FOI DESCULPADO DAS ACUSAÇÕES. DEPOIS DESTE INCIDENTE, NASCERAM TRÊS FILHOS.

ELE CHAMOU O PRIMEIRO FI-OBO-RU (O MACACO SE USOU PARA O SACRIFÍCIO), O SEGUNDO FI-OBO-YE (O MACACO FOI USADO PARA VIVER) E O TERCEIRO O CHAMOU DE FI-OBO-SISE (O MACACO SE USA PARA CHEGAR).

A SEGUNDA HISTÓRIA QUE RECITOU, FOI ASSIM. HOUVE UM TEMPO EM QUE A ÒRÚNMÌLÁ LHE FOI MARCADO EBO, MAS NÃO TINHA DINHEIRO PARA FAZÊ-LO, ELE FOI ATÉ SEUS FILHOS, E IBORU LHE DEU 2000 CARACÓIS. IBOYE LHE DEU 2000 CARACÓIS E IBOSISE LHE DEU OUTROS 2000 CARACÓIS, COM ESTE DINHEIRO ELE COMPROU UMA GALINHA, POMBAS E OUTRAS COISAS NECESSÁRIAS PARA O EBÓ. DEPOIS DE FEITO, ELE CONVIDOU MUITAS PESSOAS PARA QUE FOSSEM COMER E OS CONVIDADOS O CONGRATULARAM PELO FESTIN DIGNO DE UM REI, MAS ELE LHES DISSE: “NÃO AGRADEÇAM A MIM POR ISSO, E SIM À IBORU IBOYE IBOSISE”.

EM ALGUMAS PARTES DA TERRA YORÙBÁ, AS PESSOAS SEGUEM FALANDO ASSIM. ELES DIZEM, “ÀBORÚ ABOYÈ, IBO SÍ SÉ”. O DIALETO CONHECIDO COMO ÒNKÒ, NÃO SE LIMITA SÓ A REGIÃO DE ÈGBÁDO E SIM A VÁRIAS PARTES PRÓXIMAS TAMBÉM.

“ÀBORÚ BOYÈ”, OU “ÀBORÚ BOYÈ, BO SÍSÉ”. O PRIMEIRO SIGNIFICA: “QUE SUAS “OBRAS SEJAM BENDITAS E ACEITAS”, A SEGUNDA SIGNIFICA: “QUE SUAS OBRAS “SEJAM ACEITAS”. A RESPOSTA DE UM BABALÁWO É: “AGBÓ, ATÓ, ÀSÚRE, “ÌWÒRÌ’ÒFÚN”, QUE SIGNIFICA: “QUE TENHA UMA VIDA LARGA E SAUDÁVEL E RECEBA AS BÊNÇÕES DE ÌWÒRÌ’ÒFÚN”. “ÌWÒRÌ’ÒFÚN” É UM ODÙ DE IFÁ. ÌWÒRÌ À DIREITA, ÒFÚN À ESQUERDA. USAMOS ESTE ODÙ PARA ABENÇOAR ÀS PESSOAS. IGUAL USAMOS ÒSÉTÚRÁ, ESPECIALMENTE PARA AS BÊNÇÃOS DURANTE UM SACRIFÍCIO.

OGBO ATO!

IKÁ FUN- O CÓDIGO ÉTICO DE IFÁ – OS DEZESSEIS MANDAMENTOS DE ÒRÚNMÌLÁ EM IKAFUN.

O CÓDIGO ÉTICO DE IFÁ NASCE NO ODU IKAFUN E É TAMBÉM UM CONJUNTO DE REGRAS QUE SE DEVEM SEGUIR OU A QUE SE DEVEM AJUSTAR AS CONDUTAS, TAREFAS OU ATIVIDADES.

1- O AWÓ NÃO DIZ O QUE NÃO SABE.

2- O AWÓ NÃO FAZ CERIMÔNIAS, DAS QUAIS NÃO TEM CONHECIMENTO.

3 – O AWÓ NÃO ENCAMINHA UMA PESSOA, POR UM CAMINHO FALSO.

4 – O AWÓ NUNCA DEVE ENGANAR AS PESSOAS.

5 – O AWÓ NÃO DEVE PRETENDER FAZER O SÁBIO, QUANDO NÃO ÉS.

6 – O AWÓ DEVE SER HUMILDE E NÃO DEVE SER EGOCÊNTRICO.

7 – O AWÓ NÃO DEVE SER FALSO E NEM MAL INTENCIONADO.

8 – O AWÓ NÃO DEVE ROMPER AS PROIBIÇÕES E TABUS.

9 – O AWÓ DEVE MANTER TODO SEUS UTENSÍLIOS LIMPOS.

10 – O AWÓ DEVE MANTER SEU ILÉ LIMPO.

11- O AWÓ DEVE RESPEITAR AOS MAIS DÉBEIS TRATÁ-LOS BEM E COM RESPEITO.

12- O AWÓ DEVE RESPEITAR E TRATAR BEM OS MAIORES.

13 – O AWÓ DEVE RESPEITAR AS LEIS MORAIS.

14 – O AWÓ NUNCA TRAI UM AMIGO.

15- O AWÓ NÃO DEVE REVELAR OS SEGREDOS.

16- O AWÓ RESPEITA AOS OUTROS AWÓ.

A HABILIDADE DE COMPORTAR-SE COM HONRA E OBEDECER AOS MANDAMENTOS, É DE TOTAL RESPONSABILIDADE DO AWÓ. ESTES MANDAMENTOS DE IFÁ, NÃO SÃO SOMENTE PARA OS BABALAWOS E OLUWOS, SÃO PARA TODOS OS CRENTES NA CULTURA RELIGIOSA DOS DEUSES AFRO.

Àburú Àboyé Àbosise
HERANÇA MORAL COMPOSTA DE 16 MANDAMENTOS – TRANSMITIDOS ORALMENTE EM YORUBÁ.TIRADOS DE ANTIGOS E SECULARES LIVROS ESCRITOS EM CASTELHANO, DAS SOCIEDADES DE IFÁ EM CUBA.
OS 16 MANDAMENTOS DE IFÁ NASCEM DO ODU IKAFUN.
ITAN DO ODU IKAFUN.
Quando os Maiores (os Irunmales), chegaram a Terra, fizeram todos os tipos de coisas erradas que foram avisados que não fizessem.
Então, começaram a morrer um atrás do outro e, desesperados, puseram-se a gritar e a acusar Orunmilá de os estar assassinando.
Orunmilá então, defendeu-se dizendo que não era ele que os estava matando.
Orunmilá disse que os maiores estavam morrendo porque não cumpriam os mandamentos de Ifá.
Então Orunmilá disse: “A habilidade de comportar-se com honra é obedecer aos mandamentos de Ifá, o que é de sua inteira responsabilidade. A habilidade de comportar-se com honra e obedecer aos mandamentos de Ifá é minha responsabilidade também”.
SENTENÇA: ENI DA ILE Á BÁ ILÉ LO.

1o. MANDAMENTO
• Esúrú: falar o que não sabe;
• O sacerdote não deve enganar ao seu semelhante dizendo e fazendo conhecimentos que não possui;
• Quem abusa da confiança do próximo, enganando-o e manipulando-o através da ignorância religiosa sofrerá graves conseqüências pelos seus atos, A natureza se incumbira de cobrar erros cometidos e isto se refletirá em sua descendência consangüínea e espiritual.

2o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM AOS MAIORES QUE NÃO CHAMASSEM A TODOS DE ESÚRÚ (CHAMAR A TODOS DE ESURÚ É CONSIDERAR TODAS AS COISAS COMO CONTAS SAGRADAS).
• O sacerdote deve saber distinguir entre o ser profano e o ser sagrado, o ato profano e o ato sagrado, o objeto profano e o objeto sagrado;
• Chamar a todos de “esúrú” é admitir que todos tenham missão sacerdotal;
• Para ser sacerdote, são necessários inúmeros atributos morais, intelectuais, procedimentais e vocacionais;
• A simples iniciação de um ser profano, desprovido destes atributos básicos e essenciais, não o habilita como um sacerdote legítimo e legitimado;
• Cabe ao sacerdote iniciador escolher com muito critério aqueles que são realmente dignos do sacerdócio;

3o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO CHAMASSEM FORÇAS, DA FORMA ERRADA “ÓDIDÉ”.
• Os sacerdotes nunca devem desencaminhar as pessoas com maus conselhos e orientações erradas;
• Os sacerdotes não devem usar seu poder religioso para o mau, se assim o fizerem serão como “ódidé”, aves noturnas que se saciam de sangue e com o sacrifício de outros;
• A mais importante função do sacerdócio: orientar, conduzir ao caminho correto, ao encontro do “irê” (boa sorte) de acordo com seus odus e orixá de cabeça;

4o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO DISSESSEM QUE AS FOLHAS DE “ARABÁ” SÃO FOLHAS DA ÁRVORE DE “ORIRO”.
ORUNMILÁ É AQUELE QUE NOS OLHA COM AMOR, NÃO FAÇAMOS POR ONDE POSSA NOS OLHAR COM DESPREZO.
• Usar de artifícios e mentiras contra as pessoas inocentes e crédulas e de bom coração, provoca o descontentamento de Orunmilá e a conseqüente ira de Elegbara;
• Aquele que usa de meios escusos enganosos contra seus semelhantes, será culpado do crime de abuso de confiança;

5o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO DEVERIAM MERGULHAR FUNDO, AQUELES QUE AINDA NÃO SOUBESSEM NADAR.
O SABER É FUNDAMENTAL PARA QUEM QUER FAZER.
É NECESSÁRIO O PODER QUE SÓ A INICIAÇÃO OUTORGA
OLODUMARE NÃO DEU AO IGNORANTE O DIREITO DE APRENDER SEM ANTES TOMAR DE QUEM SABE A OBRIGAÇÃO DE ENSINAR
• O sacerdote não deve ostentar uma sabedoria que na verdade não possua;
• O saber é condição básica para que se possa saber;
• Tudo deve ser feito integralmente e com legitimidade total;
• Deve o sacerdote ensinar tudo o que sabe àqueles que o cercam e que Ele confie;
• O sacerdote deve buscar orientação em quem sabe;
• O sacerdote não deve ostentar o que não sabe;

6o. MANDAMENTO
ELES AVISAVAM QUE FOSSEM HUMILDES E NUNCA JAMAIS AGISSEM COM EGOÍSMO
HUMILDADE E DESPRENDIMENTO SÃO ATRIBUTOS INDISPENSÁVEIS DE UM VERDADEIRO SACERDOTE
• O sacerdote não deve ser vaidoso de seus poderes, mas consciente deles;
• O sacerdote existe para servir e não para ser servido;
• O sacerdote não pode ser como pavão, que exibe suas plumas e desperta a sua morte; a vaidade empobrece o sacerdócio.(odu ogundakete);
• O verdadeiro sacerdote não se preocupa em provar seu saber;
• O exibicionismo não é conduta de sacerdócio;

7o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO ENTRASSEM NA CASA DE UMA ARABÁ
(TÍTULO DAQUELE QUE RESGUARDA OS SEGREDOS DA CHEFATURA DE IFÁ), COM MÁ INTENÇÃO.
• A iniciação não pode ser realizada por interesses que não sejam idôneas;
• A intenção de um sacerdote é servir à humanidade, a Orunmilá e aos Orixás;
• Iniciação por status ou vaidade pessoal é profanar o sagrado e assim pagará com duras penas o sacrilégio;
• Ninguém adentra impunemente ao Igbodu Ifá;
• Iniciar alguém significa responsabilidade com o sagrado.

8o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE DEVERIAM USAR “EKODIDÉ” PARA LIMPAREM SEUS TRASEIROS.
OS SAGRADOS FUNDAMENTOS NÃO PODEM SER USADOS COM OBJETIVOS VÃOS.
• Os tabus devem ser integralmente observados sob pena de severas conseqüências;
• O sacerdote deve submeter-se às interdições impostas pelo seu odu pessoal, assim como aos tabus de seu Olori;
• Submissão ao culto e preceito é fundamental;
• A obediência total às orientações de Ifá conduz o homem à plenitude de bênçãos;
• Não se deve usar o sagrado de forma leviana;
• Não se deve usar o poder do axé para prejudicar ninguém e em nenhuma hipótese;
• Usar o sagrado para vantagens pessoais, principalmente financeiras será continuamente cobrado e responsabilizado por isto;

9o. MANDAMENTO
• O epô é um elemento muito sagrado; é o sangue vegetal.Há de ser muito limpo e puro;
• Tudo deve ser limpo: instrumentos, pessoas, ambientes;
• Os assentamentos devem ser muitos limpos;
• As atitudes e a honra devem ser limpas e puras;
• O sacerdote deve ser escrupuloso com tudo;
• Os instrumentos litúrgicos, seus assentamentos, seu corpo, suas atitudes e seu caráter hão de permanecer sempre limpos… Muito limpos
• Nenhum orixá admite a sujeira física ou moral;

10o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO DEVERIAM URINAR DENTRO DO AFÓ
AFÓ É O LOCAL ONDE SE FABRICA O EPÔ
• Tudo num rito e num ato deve ter limpeza e religiosidade;
• A comida deve ser muito limpa;
• A comida deve ser realizada com religiosidade;
• O silêncio é fundamental nos atos;
• Ensinar quem não sabe e quem sabe menos é uma obrigação sagrada;

11o. MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO SE DEVE RETIRAR A BENGALA DE UM CEGO.
• Os que mais sabem hão de ter o mais profundo respeito pelos que nada ou menos sabem;
• Ninguém poderá descaracterizar o que os outros sabem e acreditam;
• Abalar a fé de quem sabe pouco ou nada sabe é retirar sua bengala;
• A mais importante missão de um sacerdote é ensinar e orientar;
• Hão de ensinar com doçura, sutileza, humildade e paciência;
• O sacerdote é um mestre;

12o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO SE RETIRA UM BASTÃO DE UM ANCIÃO
BASTÃO: SÍMBOLO DAS EXPERIÊNCIAS ADQUERIDAS;
DEVE-SE RESPEITAR E TRATAR MUITO BEM OS MAIS VELHOS
• Respeito aos mais velhos é um dos principais fundamentos da religião;
• Reconhecimento de antiguidade é posto;
• Falta de respeito, atenção, deixa-lo sem proteção é retirar-lhe o bastão.
• Os novos hão de respeitar os velhos;
• Os velhos são como livros de sabedoria que devem ser lidos com paciência e carinho;
• Numa religião aonde o saber é transmitido oralmente deve-se preservar seus velhos;
• Saber é poder!

13o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO SE DEITASSEM COM A ESPOSA DE UM OGBONI
OGBONI : TÍTULO DE MASGISTRADO, JUIZ, PESSOA DGNA DE RESPEITO
• As autoridades devem ser respeitadas integralmente;
• O ogboni representa: autoridade e leis;
• O sacerdotes devem pautar sua vida de acordo com a lei dos homens e dos Orixás;
• As leis de Ifá devem ser respeitadas e nunca alteradas e manipuladas.

14o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NUNCA SE DEITASSEM COM A ESPOSA DE UM AMIGO
• Os amigos devem ser respeitados e nunca traídos;
• A amizade entre as pessoas deve sempre ser fortalecida;
• O respeito e a ética devem existir;

15o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NÃO SEMEASSEM DISCÓRDIAS RELIGIOSAS
• Não se deve usar a religião para a guerra e a separação entre os homens;
• A religião deve unir através de Olodumarê, Orunmilá e Orixás;
• Não se deve semear a desconfiança e inimizade entre as pessoas de axé;
• DEUS é um só e todos os homens são seus filhos, portanto irmãos;

16o.MANDAMENTO
ELES AVISARAM QUE NUNCA FALTASSEM COM O RESPEITO OU QUISESSEM DEITAR-SE COM A ESPOSA DE UM SACERDOTE
• Os adeptos devem respeitar-se mutuamente;
• Uma única palavra neste mandamento: ÉTICA.

Odu torna-se iyámi

Odù torna-se Ìyámi

.

“Nos primórdios da criação, Olodumaré, o Ser Supremo que vive no orun, mandou vir ao aiyé (universo conhecido) três divindades: Ogun (senhor do fèrro), Obarixá (senhor da criação dos homens) (2) e Odu, a única mulher entre eles. Todos eles tinham poderes, menos ela, que se queixou então a Olodumarê. Este lhe outorgou o poder do pássaro contido numa cabaça (igbá eleiye) e ela se tornou então, através do poder emanado de Olodumarê, Ìyáwon, nossa mãe para eternidade (também chamada de Iyami Oxoronga, minha mãe Oxorongá). Mas Olodumarê a preveniu de que deveria usar este grande poder com cautela, sob pena de ele mesmo repreendê-la.

“Mas ela abusou do poder do pássaro. Preocupado e humilhado, Obarixá foi até Orunmilá fazer o jogo de Ifá, e ele o ensinou como conquistar, apaziguar e vencer Odu, através de sacrifícios, oferendas e astúcia.
“Obarixá e Odu foram viver juntos. Ele então lhe revelou seus segredos e, após algum tempo, ela lhe contou os seus, inclusive que adorava Egun. Mostrou-lhe a roupa de Egun, o qual não tinha corpo, rosto nem tampouco falava. Juntos eles adoraram Egun.

“Aproveitando um dia quando Odu saiu de casa, ele modificou e vestiu a roupa de Egun. Com um bastão na mão, Obarixá foi à cidade (o fato de Egun carregar um bastão revela toda a sua ira) e falou com todas as pessoas. quando Odu viu Egun andando e falando, percebeu que foi Obarixá quem tornou isto possível. Ela reverenciou e prestou homenagem a Egun e a Obarixá, conformando-se com a supremacia dos homens e aceitando para si a derrota. Ela mandou então seu poderoso pássaro pousar em Egun, e lhe outorgou o poder: tudo o que Egun disser acontecerá. Odu retirou-se para sempre do culto de Egungun.

O conjunto homem-mulher dá vida a Egun (a ancestralidade), mas restringe seu culto aos homens, os quais, todavia, prestam homenagem às mulheres, castigadas por Olodumarê através dos abusos de Odu. Também por esta razão é que as mulheres mortas são cultuadas coletivamente, e somente os homens têm direito à individualidade, através do culto a Egun.
Mitos de Oyá e Égún

“Oyá não podia ter filhos, e foi consultar o babalawo. Este lhe disse, então, que, se fizesse sacrifícios, ela os teria. Um dos motivos de não os ter ainda era porque ela não respeitava o seu tabu alimentar (eewó) que proibia comer carne de carneiro. O sacrifício seria de 18.000 mil búzios (o pagamento), muitos panos coloridos e carne de carneiro. Com a carne ele preparou um remédio para que ela o comesse; e nunca mais ela deveria comer desta carne. quanto aos panos, deveriam ser entregues como oferenda.

“Ela assim fez e, tempos depois, deu à luz nove filhos (número mítico de Oyá). Daí em diante ela também passou a ser conhecida pelo nome de ‘Iyá omo mésan’, que quer dizer ‘a mãe de nove filhos’ e que se aglutina Iyansan.

Há outro mito para explicar o nome de Iyansã:

“Em certa época, as mulheres eram relegadas a um segundo plano em suas relações com os homens. Então elas resolveram punir seus maridos, mas sem nenhum critério ou limite, abusando desta decisão, humilhando-os em demasia.

“Oyá era a líder das mulheres, e elas se reuniram na floresta. Oyá havia domado e treinado um macaco marrom chamado ijimeré (na Nigéria). Utilizara para isso um galho de atori (ixan) e o vestia com uma roupa feita com várias tiras de pano coloridas, de modo que ninguém via o macaco sob os panos.

“Seguindo um ritual, conforme Oyá brandia o ixan no solo o macaco pulava de uma árvore e aparecia de forma alucinante, movimentando-se como fora treinado a fazer. Deste modo, durante a noite, quando os homens por lá passavam, as mulheres (que estavam escondidas) faziam o macaco aparecer e eles fugiam totalmente apavorados.

“Cansados de tanta humilhação, os homens foram ver o babalawo para tentar descobrir o que estava acontecendo. Através do jogo de Ifá, e para punir as mulheres, o babalawo lhes conta a verdade. Ele os ensina como vencer as mulheres através de sacrifícios e astúcia.

“Ogun foi o encarregado da missão. Ele chegou ao local das aparições antes das mulheres. Vestiu-se com vários panos, ficando totalmente encoberto, e se escondeu. quando as mulheres chegaram, ele apareceu subitamente, correndo, berrando e brandindo sua espada pelos ares. Todas fugiram apavoradas, inclusive Oyá.

Desde então os homens dominaram as mulheres e as expulsaram para sempre do culto de Egun; hoje, eles são os únicos a invocá-lo e cultuá-lo. Mas, mesmo assim, eles rendem homenagem a Oyá, na qualidade de Igbalé, como criadora do culto de Egun.

Convém notar que, no culto, Egun nasce no bosque da floresta (igbo igbalé). No Brasil, no ilê awo, ele nasce no quarto de balé, onde são colocadas oferendas de comidas e realizadas cerimônias aos Eguns.Oyá é também cultuada como mãe e rainha de Egun, como Oyá Igbalé.

E, como nos explica o mito, Oyá, a floresta e o macaco estão intimamente ligados ao culto, inclusive em relação àvoz do macaco como é o modo de o Egun falar.
.

Origens

“De quatro em quatro dias (uma semana iorubana), Ikú (a Morte) vinha à cidade de Ilê–Ifé munida de um cajado (opá ikú) e matava indiscriminadamente as pessoas. Nem mesmo os Orixás podiam com Ikú.

“Um cidadão chamado Ameiyegun prometeu salvar as pessoas. Para tal, confeccionou uma roupa feita com várias tiras de pano, em diversas cores, que escondia todas as partes do seu corpo, inclusive a própria cabeça, e fez sacrifícios apropriados. No dia em que a Morte apareceu, ele e seus familiares vestiram as tais roupas e se esconderam no mercado.

“Quando a Morte chegou, eles apareceram pulando, correndo e gritando com vozes inumanas, e ela, apavorada, fugiu deixando cair seu cajado. Desde então a Morte deixou de atacar os habitantes de Ifé.”

“Os babalawos (adivinhos e sacerdotes de Orunmilá) disseram a Ameiyegun que ele e seus familiares deveriam adorar e cultuar os mortos por todas as suas gerações, lembrando como eles venceram a Morte.

Egun é a terminação do nome de Ameiyegun, e é como hoje são conhecidos os ancestrais do seu clã (Egun ou Egungun). É a vitória da vida pós-morte: como no mito em que a vida venceu a morte, da mesma forma os Eguns se apresentam, hoje, cobertos de panos e portando um cajado.

Origem dos Oiê Masculinos

.
“Havia na cidade do Oyó um fazendeiro chamado Alapini, que tinha três filhos chamados Ojéwuni, Ojésamni e Ojérinlo. Um dia Alapini foi viajar e deixou recomendações aos filhos para que colhessem os inhames e os armazenassem, mas que não comessem um tipo especial de inhame chamado ‘ihobia’, pois ele deixava as pessoas com uma terrível sede. Seus filhos ignoraram o aviso e o comeram em demasia. Depois, beberam muita água e, um a um, acabaram todos morrendo.

“Quando Alapini retornou, encontrou a desgraça em sua casa. Desesperado, correu ao babalawô, que jogou Ifá para ele. O sacerdote disse que ele se acalmasse, e que após o l7º dia fosse ao ribeirão do bosque e executasse o ritual que foi prescrito no jogo. Ele deveria escolher um galho da árvore sagrada atori e fazer um bastão (assim é feito o ixan). Na margem do ribeirão, deveria bater com o bastão na terra e chamar pelos nomes dos seus filhos, que na terceira vez eles apareceriam. Mas ele também não poderia esquecer de antes fazer certos sacrifícios e oferendas.

“Assim ele o fez; seus filhos apareceram. Mas eles tinham rostos e corpos estranhos; era então preciso cobri-los para que as pessoas pudessem vê-los sem se assustarem. Pediu que seus filhos ficassem na floresta e voltou à cidade. Contou o fato ao povo, e as pessoas fizeram roupas para ele vestir seus filhos.

“Deste dia em diante ele poderia ver e mostrar seus filhos a outras pessoas; as belas roupas que eles ganharam escondiam perfeitamente sua condição de mortos. Alapini e seus filhos fizeram um pacto: em um buraco feito na terra pelo seu pai (ojubô), no mesmo local do primeiro encontro (igbo igbalé), ali seriam feitas as oferendas e os sacrifícios e guardadas as roupas, para que eles as vestissem quando o pai os chamasse através do ritual do bastão.

“Seguindo o pacto e as instruções do babalawo, de que sempre que os filhos morressem fosse realizado o ritual após o l7º dia, pais e filhos para sempre se encontraram. E, para os filhos que ainda não tiverem roupas, é só pedir às pessoas que elas as farão com imenso prazer.

Este mito, rico em detalhes, nos explica vários ritos e títulos utilizados no culto.

Orunmila osun e o Eerindilodun

Òrúnmìlá, Òsún e o Eerìndínlógun (Búzios).

Este é apenas mais um dos itan que mostra Òsún como a verdadeira dona do jogo de búzios, ao recebê-lo de Òrúnmìlá.

Òrúnmìlá e o Eerìndínlógun (Búzios).

Quando Pai criou seus 400 +1 filhos.

Ele criou também 400 + 1 profissões.

Ele criou 400 + 1.

Ele disse que cada um deveria escolher a sua.

E havia Òrúnmìlá

Ele não era forte como um cupinzeiro.

Segurar uma enxada era problema para ele.

Carregá-la era difícil até mesmo andar.

Não havia trabalho fácil para Òrúnmìlá.

Ele disse:

O que você vai fazer?

Ele disse que iria ser adivinho.

Que tipo de adivinho?

Ele disse:

Para tudo aquilo que as pessoas quiserem saber.

Foi Obí que ele trouxe para Pai naqueles dias.

Se alguém falasse no Obí e jogasse.

Era o Pai que dava o conselho.

Então ele chamou Òrúnmìlá.

Que tinha um saquinho de adivinhação.

Pai levou o saquinho de Ifá.

Ele disse que Òrúnmìlá deveria aprender a usá-lo.

Que se alguém quisesse algo, deveria falar com Òrúnmìlá.

Todos que quisessem perguntar deveriam ir à Òrúnmìlá.

E quando Òrúnmìlá olhou para o seu Ifá.

Tudo que eles queriam saber, Òrúnmìlá falaria.

O que quer que fosse Òrúnmìlá diria a eles.

Ninguém mais visitou Òlódúmarè (para adivinhar).

Eles passaram a visitar Òrúnmìlá.

Uma mulher que estivesse grávida há um dia,

Òrúnmìlá podia saber e assim em diante.

Então, Òrúnmìlá tornou-se adivinho.

Ele disse:

Pai e sobre as folhas?

Pai disse:

Aquela que vem com problemas, esta é a folha que dará a ela.

Aquele que vem com problemas, esta é a folha que dará a ele.

Então, Òrúnmìlá tornou-se adivinho.

E todos quiseram se tornar adivinho.

Egúngún queria ser um deles.

O Pai disse:

Você que é forte?

Ogun queria ser um deles.

O Pai disse:

Você que é forte?

Você deveria ser comerciante.

Hoje todos os devotos de algumas divindades podem divinar.

Devotos de Șàngo, devotos de Òya e devotos de Òrìsálá.

Isso graças à Ọșun.

Era Ọșún que não deixava Òrúnmìlá descansar.

Não o deixava sair.

Tanto insistiu, até que Òrúnmìlá lhe ensinou divinação.

Foi com Ọșún que todos os demais aprenderam a divinar.

Mas Erinle não aprendeu òrìsá Oko não aprendeu Ogun não aprendeu, Egúngún também não aprendeu.

Não receberam os dezesseis cawries.

Os dezesseis cawries de Șọpọná estavam sempre em sua mão, mas as lutas não o deixavam divinar.

Por ser frágil Òrúnmìlá se tornou divinador.

Ele cantava:

Apodihọrọ, Òrìsálá Ọșẹrẹgbo.

O Pai teve 401 filhos.

Apodihọrọ, Òrìsálá Ọșẹrẹgbo,

O Pai criou 401 profissões,

Apodihọrọ, Òrìsálá, Ọșẹrẹgbo,

O Pai criou 401 talentos,

Apodihọrọ.

Deu aqueles que aprendessem um meio de vida,

Apodihọrọ.

Com aquele que aprendi, agora estou comendo,

Apodihọrọ.

Com aquele que eu aprendi, estou comendo Obí e pimenta,

Apodihọrọ.

Com quem aprendi, estou comendo sal e dendê,

Apodihọrọ.

Com quem aprendi ganho dinheiro com meu jogo,

Apodihọrọ.

Foi como Òrúnmìlá se tornou divinador.

Mas somente Òrúnmìlá se tornou adivinho.

Hoje todos os sacerdotes de certos òrìsá podem adivinhar.

Porém…

Os abian, Neófitos e recém-iniciados que não estão acostumados com a palavra Odù, devem saber que eles são, falando de uma forma genérica, compartimentos onde estão guardados os ensinamentos de Olódùmarè que se apresentam através de Ifá (o oráculo sagrado criado por Òrúnmìlá). Eles nos trazem:

Os ensinamentos sagrados, os respectivos ebó, os banhos e magias a serem confeccionadas por alguém preparado para tal empreitada, os sacerdotes de òrìsà e os Bàbáláwo.

O Odù, vamos desmistificar um pouco agora, nunca está negativo ou positivo, ele nos diz se estamos em ire (positivo) ou ìbì (negativo), a fase que vivemos pode sim estar boa ou ruim e dependendo deste bom ou ruim, deveremos fazer sacrifício (ebó). Fazemos ebó para manter o que está bom ou fazemos ebó para mudar a fase ruim para uma fase melhor é prerrogativa do sacerdote pois, somente ele tem o dom de transformar ìbì (negativo) em ire (positivo) e isto ele recebe durante a iniciação do sacerdotal que inclui o aprendizado do oráculo, portanto, curiosos e pessoas que não receberam este àse podem prejudicar e muito as pessoas que procuram uma consulta.

É Òrúnmìlá, quem pode nos orientar, ele como Elérii Ipin (testemunha do destino de cada ser vivo do planeta e de tudo que foi criado no Universo), conhece o destino de cada um desde os tempos imemoriais.

Somente Òrúnmìlá pode nos indicar a melhor folha, a melhor comida e a melhor energia para resolver uma questão a nosso favor. Costumamos dizer que ele é mais poderoso que qualquer medicina humana, ele é a Órbita imensa, aquele que pode mudar o dia de nossa morte, (Okitibiri npa, ojó ikú da) desde que este dia não seja o seu verdadeiro dia de partida deste mundo. Pois todos já ouviram falar em ebó ikú (ebó para afastar a morte que nos ronda, seja por acidente ou por doença, que chamamos de Aarun) e é através dele que afastamos Ikú (morte).

Ele é o segundo de Deus, tem o titulo de Ibíkéjì Olódùmarè, o Vice do Pré Existente, muito respeitado e ótimo conselheiro, inclusive dos òrìsà/irunmolè, foi ele quem determinou aos Odù sua ordem e respectivos sinais (marcas binárias onde o Bàbáláwo os identifica no pó de iyèròsùn, em uma bandeja redonda chamada Òpon Ifá). Além dos testemunhos desde a criação do universo até os dias atuais.

É esta filosofia (Ifá é uma filosofia) que norteia todo o culto de Ifá/òrìsà, tudo que se refere ao òrìsà/irunmolè está contido nos versos (ensinamentos, que também chamamos de Èsè Ifá) dos Odù.

Alguns de vocês devem saber que os Odù principais são em número de 16 (Okánrán, Éjì Oko (Oturupon), Etáògúndá, Ìròsùn, Òsé, Òbàrà, Òdí, Éjì Onilè, Òsá, Òfún e etc.) este são chamados de Olódù, por serem os maiores e estarem contidos no jogo de búzios (mérindilogún), porém, cada Odù principal tem sua ‘família’ e estes integrantes familiares tem o nome de Omó Odù.

Exemplificando:

Na família de Éjì Onilé (Éjì Ogbè) temos quinze integrantes que são:

Ogbè ’Okanran, Ogbè’ògúndá, Ogbè’ròsùn, isto não está em ordem hierárquica.

E assim sucessivamente, teremos uma família para cada Odù principal.

Estes integrantes familiares são os Omó Odù e totalizam 240 Odù menores. Que somados aos 16 principais somam 256 Odù.

Um sacerdote de òrìsà não vai trabalhar com todos os 256, vai apenas trabalhar com os 16 principais e saibam que a resposta chegará completa e surtirá efeito como tem sido feito a milhares de anos.

No Odù Ogbè’òsá, Olódùmarè (Deus) abençoa e dá a sua chancela ao jogo de mérindilogún, na presença de Òrúnmìlá e Òsún (a verdadeira proprietária deste oráculo).
De acordo com esta história em particular de Ogbè’sá, apesar de Òrúnmìlá ser o único que criou Éérìndínlógún, este sistema de adivinhação mais tarde recebeu o seu próprio àse de Olódùmarè.

Aconteceu o seguinte:

A cada 16 anos

Olódùmarè, Olófin do Òrun,

Usava os adivinhos da Terra para um teste.

Para saber se eles estavam dizendo mentiras para os habitantes da Terra

Ou se eles estavam falando a verdade.

Esse teste aconteceu.

Ele convidou Òrúnmìlá e outros adivinhadores da Terra.

Olódùmarè disse que queria ver todos eles.

Quando eles chegaram,

Olódùmarè pediu que adivinhassem para ele.

Então, Olódùmarè pediu para Òrúnmìlá divinar para ele.

Quando terminou a adivinhação de Òrúnmìlá,

Olódùmarè perguntou:

Quem é o próximo?

Òrúnmìlá disse que a próxima pessoa seria sua parceira.

Que era uma mulher.

Olódùmarè, em seguida, respondeu:

Ela também é um adivinho?

A que Òrúnmìlá respondeu:

Isso é verdade.

Olódùmarè pediu-lhe para, em seguida divinar para ele.

Quando Òsún examinou Olódùmarè,

Ela bateu em todas essas coisas em sua mente (Ela viu tudo que se passava em sua mente).

Mas ela não disse isso na íntegra.

Ela mencionou a essência

Mas ela não contou a raiz da questão, como o oráculo de Ifá.

Olódùmarè perguntou a Òrúnmìlá:

O que é isso?

Òrúnmìlá, em seguida, explicou a Olódùmarè.

Como ele honrou Òsún com os dezesseis búzios.

Olódùmarè disse:

Está tudo certo.

Ele disse ainda que mesmo que ela não entrasse em detalhes,

Ele,
Olódùmarè daria o seu consentimento a ele.

Ele acrescentou:

A partir de hoje e para sempre,

Mesmo que o Éérìndínlógún não possa ser detalhado,

Qualquer pessoa que não acreditasse,

Veria as consequências imediatamente.

Não se deve esperar até o dia seguinte.

É por isso que as previsões da Éérìndínlógún passam rapidamente.

Mesmo que as histórias não sejam tão impressionantes.

Foi assim que Éérìndínlógún recebeu o àse diretamente de Olódùmarè.

Sobre uma lenda que diz que o jogo pertence a Èsù, ela não procede.

Èsù como Olópá (aquele que fiscaliza tudo no universo) é também fiscal de cada jogo que é aberto e, portanto, tem acesso a tudo que é dito e desvendado.

É bom ter cuidado!

É muito importante sermos orientados sobre o sistema oracular que tanto usamos para nos orientar na vida.

É através dele que nos orientaremos sobre nosso destino, casamento (o oráculo deve ser consultado antes da cerimonia), trabalho, negócios e etc.

Vejam que é tudo tão sagrado, que até o próprio Deus foi envolvido na questão, não devemos usar o oráculo para perguntar coisas subjetivas e sem propósito, pois ele mesmo diz que as perguntas imbecis, terão respostas idiotas.

Na resolução hierárquica de um problema devemos seguir estes passos:

Pensar o problema e tentar uma solução, em caso negativo, procuramos ajuda de uma amigo/parente, não achando a resposta, procuramos um mais velho e em caso negativo consultamos o oráculo.

Não se consulta o oráculo de forma leviana, não buscamos a resposta daquilo que já sabemos como irá terminar.

Devemos inclusive, se possível, ir ao jogo com as perguntas anotadas em um papel, corre-se o risco de esquecer o verdadeiro propósito e algumas questões ficarem no vácuo. Quantos não vieram a este blog buscando o complemento de uma consulta incompleta por causa do esquecimento.

Um sacerdote deve fazer quantas perguntas forem necessárias ao oráculo, porém, é terminantemente proibido repetir a pergunta (ordem suprema).

Este longo e didático que eu escrevo é uma forma de deixar algumas pessoas mais a vontade para quando se sentarem na frente de um sacerdote, não se acharem inferiores e nem superiores, esta pessoa está prestando um serviço (remunerado) e deve cumpri-lo da melhor forma possível. As questões que estiverem fora do seu conhecimento, devem ser deixadas para ser resolvidas em uma data breve e ele deve se esmerar em buscar a solução para o problema em questão, se assim não for, ele estará quebrando uma das regras da Lei de Ifá, em caso de não resolução por falta de conhecimento o correto seria devolver o dinheiro do suplicante. Deve-se ter a humildade em reconhecer suas limitações e procurar estudar e aprender com os mais velhos. O verdadeiro sacerdote está guardado atrás da humildade e da perseverança, temperada com a sua fé.

Ifá/Òrúnmìlá sempre nos presentearam com inúmeros ensinamentos sagrados, um dos que eu mais gosto está em Éjì Ogbè (Éjì Onilé) exposto abaixo.

Espero que vocês somem 3+2 e façam o dever de casa: Aprender sobre nossa religião, estudar não é assunto para sacerdote, é assunto para todos os adeptos.

Somente através do conhecimento poderemos ter sábios e os sábios são aqueles que vão dirigir nossa religião nas próximas décadas.

Ìbà Bàbá, Ìbà Yèyé. Onà tutu.

Òrúnmìlá gbé wá o.
Ensinamento contido no Odù Éjì Ogbè (Éjì Onilé).

Nós lançamos Ifá com nossa mão (Òpèlè Ifá/corrente divinatória).

Nós pressionamos Ifá no chão (marcamos o Odù no pó de Iyerosun).

Elesa a gbo gi (nome do Bàbáláwo).

Foi lançado Ifá para Ogbè (foi feito o jogo).

Quando ele vinha do céu a Terra (do òrún para o ayè).

Eles disseram que Ogbè iria entrar no mundo.

Ogbè foi aconselhado a realizar sacrifício (fazer ebó).

Ogbè consultou os itens para o sacrifício.

Ogbè deve sacrificar um rato para trilhar caminhos no mato.

Um peixe para traçar caminhos através do oceano.

Um galo para limpar os caminhos na Terra.

Eles disseram que Ogbè alcançaria o mundo (teria sucesso).

Ogbè realizou o sacrifício.

Ogbè se aventurou.

Ele chegou à floresta.

Ogbé ficou perplexo.

Èsù sussurrou no ouvido dele.

Lembre-se você tem um rato para abrir caminho na floresta.

Ogbé usou o rato.

O rato desbravou um caminho pela floresta.

Èsù disse para Ogbè segui-lo.

Quando ele saiu da floresta.

Ogbè encontrou o oceano.

Ogbè ficou perplexo.

Èsù sussurrou no ouvido dele.

Lembre-se você tem um peixe para traçar um caminho através do oceano.

Ogbè deixou o peixe cair na água.

O peixe começou a nadar.

Èsù disse para Ogbè segui-lo.

Quando ele nadou para fora da água.

Ele encontrou a cidade.

Ele não sabia que direção tomar.

Èsù sussurrou no ouvido dele.

Lembre-se você tem um galo para encontrar um caminho na Terra.

Èsù disse para Ogbè seguir o galo.

Ogbè chegou ao centro da cidade.

Ele ficou feliz e começou a dançar e se alegrar.

Nós lançamos Ifá com nossas mãos.

Nós pressionamos Ifá no chão.

Elesa gbo gi (nome do sacerdote).

Foi ele quem lançou Ifá para Ogbè.

No dia que ele estava vindo do céu a Terra.

O rato usa seu Orí para abrir caminhos na floresta.

O peixe usa seu Ori para abrir caminhos no oceano.

O galo usa seu Ori para abrir caminhos na Terra.

Ogbè, portanto, tornou-se popular (ele obteve sucesso).

A estrela de Ogbè não deve cair como as folhas das árvores.

Ogbè deve ascender um caminho através da dificuldade.

Sagrado Odú Éjì Ogbè.

Obs. Não devemos fazer ebó sem ordem suprema, o descumprimento pode ser a ruina para o suplicante, como também para o sacerdote.

De acordo com a filosofia e estilo de vida do òrìsà, a vida é uma viagem.

Ajo layè, a viagem da vida, é marcada por muitos portais de iniciação. Cada portal exige uma separação do passado, em favor do que é e o que será. E tão misterioso quanto possa parecer, a viagem fundamental, bem como os portais da iniciação, são tão naturais quanto à própria vida. Desde o nascimento até a adolescência, passando pela idade adulta e além, todas as nossas experiências são ritos de passagens ao longo do caminho da vida.

Ainda assim, o caminho leva-nos através de alguns territórios perigosos, durante o qual as decisões importantes devem ser tomadas, esperamos não só sobreviver à viagem, mas também prosperar. No versículo acima, Ifá usa as metáforas da floresta, do oceano e da terra para exemplificar a gama de capacidade de adaptação e preparação necessárias para a navegação bem sucedida.

E a dificuldade de sucesso?

Quando você falha, você é forçado a se ajustar, buscar novas metodologias e fazer novas alianças. Mas quando você é bem sucedido, é tentador tentar aplicar novamente as mesmas práticas que uma vez funcionaram tão bem às novas circunstâncias. Infelizmente, isso raramente demonstra ser eficaz. Você tem que tentar todas as novas práticas, mas, ao mesmo tempo, manter um senso claro de verdade pessoal e identidade.

No verso de Éjì Ogbè acima, foi Èsù que repetidamente lembrou Éjì Ogbè dos itens de sacrifício que ele estava carregando e quando deveria fazer uso deles em diferentes fases da viagem.

E este é o segredo do sucesso a longo prazo:

Cada um de nós, sem exceção, tivemos alguém que acreditou em nós e nos deu a orientação adequada e que precisávamos para satisfazer a paisagem em constante mudança na jornada da vida.

Às vezes, apesar de nosso conhecimento, do nosso talento e experiência só precisamos de alguém para nos dizer o que fazer e quando devemos fazê-lo!

A nossa capacidade de reconhecer esses momentos e nos dar bons conselhos vai fazer a diferença entre ser chamativo e inesquecível, entre competência e excelência, entre ser competitivo e ser superior.

Como saber mais sobre como estabelecer uma relação com um conselheiro confiável que irá ajudá-lo a otimizar seus dons e talentos naturais?

Pergunte a Ifá.

Àse.

Como ser um sacerdote.

Como Ser Um sacerdote

Muita gente me pergunta como se faz para ser babálorixá ou iyálorixá, qual o caminho que devem percorrer, que conselhos eu daria e etc. Em primeiro lugar temos que entender que ser um líder religioso requer dom e realmente ser escolhido pelos Orixás, o que não significa que apenas a “inclinação” basta, se você não for lapidado, se não aprender e adquirir experiência, será apenas um talentoso perdido e pode até encontrar seu caminho, mas será muito mais difícil, então siga uma casa de axé, se dedique a buscar conhecimento tanto teórico quanto prático, pois ambos são importantes para guiar seus futuros filhos e para fortalecer sua armadura contra a inveja, a fofoca e a difamação.
Quando você ouvir dizer que o Orixá prepara os escolhidos, tenha em mente que a vida de um sacerdote não será apenas roubas bonitas, casa cheia, uma agenda semana lotada de atendimentos e viagem internacionais, isso tudo é consequência de muita luta, pois teremos que lidar com o que há de mais delicado nesse mundo, GENTE. Iremos conviver com todo tipo de temperamento e você vai precisar se fazer ser entendido, pois para cada um o Orixá irá se demonstrar de um jeito e é sua tarefa orientar e buscar sempre uma direção para o outro, enquanto também terá a responsabilidade de tomar conta do bem coletivo e da sua própria vida, que não vai parar.
Um conselho que eu me daria há dez anos atrás é que pensasse bem na hora de escolher uma liderança, pois nem todos os zeladores do Candomblé conseguem lidar com um “filho-zelador”, existe ainda muito ego e concorrência, mas isso não é da religião e sim do ser humano. Outro conselho seria que não misturasse a vida pessoal com a religiosa, mas isso aprendemos com as pancadas da vida, pois a pior besteira que um pai de santo pode cometer é chorar no ombro de um filho ou abrir demais sua intimidade, não são todos, mas a maioria das pessoas não conseguem entender o limite entre liberdade e libertinagem.
Acima de tudo, tenha amor por sua fé, pense bem antes de agir, antes de falar, pois você é um formador de opinião e não e apenas o seu nome que está em jogo, mas também de toda uma ancestralidade. Não pule etapas, se tiver que refazer algo ou errar, seja sincero e busque sempre fazer o melhor que puder, pois será isso que o Orixá irá ver, seu coração.
Muito axé e que Olorun esteja sempre com você!

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Omokurin egbe ketu

Na tradição kétu, a integração da criança na comunidade religiosa se processa a partir do parto.

Em uma cerimônia privada ( Ípòrí Íwo ), a placenta é colocada em um recipiente ( isasùn ), uma vasilha com tampa pintada com cores e desenhos que relembram ancestralidade, espirais e  zique-zaques em preto, vermelho e branco, que em seguida é enterrada com búzios e mariwo em algum lugar afastado, muito provavelmente, embaixo de  uma árvore.

Idodo (cordão umbilical), também será colocado, mas tarde, no mesmo local.

Daí sairá, anos depois, um amuleto coberto de couro que conterá a terra, e mais material mágico simbolizando o okè ípòrí,  porção de sua matéria ancestral que acompanhará a pessoa por toda vida, proporcionando proteção e poder.

No ojo bi (dia do nascimento), o bebê e a mãe serão visitados em seguida ao parto por um sacerdote, que através do opele Ifá, do merindilogun, fará previsões para o Omo titun (recém-nascido).

Nesta ocasião, será verificado se a criança é a volta de espírito ancestral materno ou paterno, quais os ewos, tabus a serem respeitados particularmente pelo bebê, além dos ewos familiares, nos quais ele está incluindo desde o nascimento.

  Indaga-se também, qual o Orixá protetor do recém-nascido, e suas futuras obrigações para com ele.

  O sacerdote verifica se o ebó (oferenda) deverão ser feitas para o início da vida do bebê, se ele fez uma boa escolha de destino, e se seu nome deverá ser particularmente ligado a um acontecimento ou a um Orixá.

O Ikomojádê é a cerimônia de dar o nome ao recém nascido, feita no nono dia para um menino, no sétimo para uma menina e no oitavo para             gêmeos, e é realizada no templo ou na casa da família.

Nesse dia, pela primeira vez, é pronunciado em público o nome do Omo titun.  E ele também, pela primeira vez, é suspenso as costas da  mãe, modo pelo qual deve ser usualmente carregado, criando um liame maior de amor e união, e na forma prática, liberando as mãos da mãe para as atividades do dia a dia.

É escolhido um casal de padrinhos para a criança, que se comprometem a cria-la na falta dos pais.  Ebós serão feitos, para propiciar um bom início para o bebê, a Exu que é o começo de todas as coisas, ao Orixá protetor da família ou do templo, a Oxum que zela pelas crianças desde o útero até que saibam se  exprimir em qualquer língua  sem auxilio materno, e ao Orixá protetor da criança.

Uma mulher bem velha joga água por todo lado, no telhado, no portão, e reza:

            Omi tútù, ilé tútù, ilèkùn tútù, Omo titun tútù, gbo gbo tiwa tútù.

A água fria é colocada no centro do templo, e todos ficam em volta dela de acordo com a hierarquia.

Sobre uma esteira estão os alimentos que serão usados durante o ritual.  A criança é erguida e mostrada a todo o egbe (comunidade).

Seus pais se levantam e recitam suas ancestralidade. O sacerdote se aproxima e declara sua ancestralidade entoando, ao mesmo tempo, uma             louvação ao recém-nascido.

Pequenas vasilhas com obi, sal, mel, orogbo, dendê, peixe e atare, são apresentadas.

Cada alimento é rezado, e com ele, o sacerdote toca o ori e a boca da criança.

domingo, 24 de setembro de 2017

Osa meji a mãe de nove filhos

Orumila acalma iya mi

Como Òrúnmìlà acalma Ìyàmi

Grande montículo de terra na extremidade da rua. Muita poeira. Ifá consultado para as Ìyàmi Òsòròngà, que vieram do além para terra. Elas dizem que querem ouvir a voz do babaláwo, quando as Ìyàmi Òsòròngà vêm. Elas dizem, elas vêm à terra. Então elas chamam Òrúnmìlà no além. Olódùmaré disse a Òrúnmìlà que fosse. Òrúnmìlà partiu. No lugar para onde partiu, chegou ao muro de pedra de Òrìsàlà. Encontra as Ìyàmi no caminho. Òrúnmìlà diz aonde vão? Elas dizem que vão à terra. Ele diz, que vão fazer lá? Elas dizem, aqueles que não serão seus partidários, elas estragarão. Levarão doenças a seus corpos. Levarão fraqueza a seus corpos. Arrancarão os intestinos das pessoas. Comerão os olhos das pessoas. Comerão o fígado das pessoas. Beberão o sangue das pessoas. Não ouvirão a voz de ninguém. Òrúnmìlà diz ah! ele diz qie seus filhos estão na terra. Elas dizem que não conhecem os filhos de ninguém. Quando elas dizem que não dizem que não conhecem os filhos de ninguém. Òrúnmìlà disse que seu filhos estão sobre a terra. Ela dizem, Òrúnmìlà fala com teus filhos, que tenham folhas de ogbó, que tenham uma cabaça, que tenham a ponta do rabo de um rato òkété, que tenham tambem o corpo de um rato òkété, que tenham ovos de galinha, que tenham mingau de milho misturado com azeite, que tenham azeite, que tenham 4 shilings. Òrúnmìlà envia um mensajeiro a sua gente. Diz-lhes que preparam tudo isto. Assim que as Ìyàmi chegam à terra, antes de tudo se empoleiram na copa de uma árvore orógbó.
Quando elas permanecem no orógbó, procuram sua oportunidade. Não a vêem, elas deixam esse lugar. Chegaram à copa de uma árvore àjánrèré. Ao chegarem à copa de uma árvore àjánrèré elas não têm sorte. Vão para copa de um Ìrókò. A penca de frutos na copa do Ìrókò não é suficiente para elas. Vão na árvore oro, lá elas não têm sorte. Vão em um ògún bèrèke, lá elas não têm sorte. Vão para um arere, nãoencontram lugar onde ficar. Vão na copa de uma árvore que elas chama de opé ségiségi, no rio Awìnrìnmògùn. Quando ali chegam ali ficam. Ficam em sua copa. Constroem em pátio no fundos. Constroem um quarto. Elas dizem que é lá que se reunirão. Juntam um grande montículo de terra lá onde todas as Eleye se reúnem. Quando estão reunidas, quando chegaram terra, trazem dores de barriga para as crianças. Trazem doenças para as crianças. Arrancam os intestinos das pessoas. Arrancaram os pulmões das pessoas. Bebem o sangue das pessoas. Dão dores de cabeça aos filhos de um outro. Dão doenças aos filho de um outro. Dão reumatismo aos filho de um outro. Dão dores de cabeça, febre, dor de estômago, aos filhos de um outro. Fazem sair a gravidez do ventre daquele que está grávida. Trazem para fora o feto daquele que não é estéril. Não deixam que uma mulher fique grávida. Aquela que está grávida elas não deixam parir. Elas (as pessoas perseguidas) vêm fazer súplicas aos filhos de Òrúnmìlà. Dizem os filhos de Òrúnmìlà que as ajudem. Que ajudem aquela que está grávida.

O sacrifício que Òrúnmìlà disse a seus filhos que fizessem, naquele dia, seus filhos o fizeram. Elas dizem que se os filhos de Òrúnmìlà as quiserem chamar, elas dizem que as chamem com uma voz triste.. quando fizerem a oferenda, quando os filhos de Òrúnmìlà já tiverm chamado, deverão levá-la e colocá-la em cima de seu montículo de terra. Deverão cantar assim. Elas dizem que eles deverão cantar com uma voz triste. Elas dizem que eles responderão. Eles deverão cantar assim: “Mãezinha vós conheceis minha voz. Ìyàmi Òsòròngà, vós conheceis minha voz. Ìyàmi Òsòròngà, toda coisa que eu disser, a folha ogbo disse que vós certamente compreendereis. Ìyàmi Òsòròngà, vós conheceis minha vóz. Ìyàmi Òsòròngà, a cabaça diz que vós ides agarrar. Ìyàmi Òsòròngà, vós conheceis minha voz. Ìyàmi Òsòròngà, a palavra que o rato òkété disse à terra, a terra certamente a compreende. Ìyàmi Òsòròngà, vós conheceis minha voz. Ìyàmi, todas as coisas que eu disser vós fareis. Ìyàmi Òsòròngà, vós conheceis minha vós”. Eles começam a cantar. Quando eles acabam de cantar, todas as Eleye estão silenciosas. Os filhos de Òrúnmìlà o farão por eles. (Òrúnmìlà) diz que se eles colherem a folha que age, ele diz que eles tomarão cuidado para que a pessoa grávida permaneça grávida. Aquele que ficar grávida, eles cuidarão para que ela dê à luz. Ele diz que aquele que ficar doente, eles cuidarão dele, ele ficará bem. Ele diz que será curado. Ele diz que aquele que tiver dor de cabeça, eles colherão a folha que age. Se o fígado fizer mal a alguém, desenterrarão para ele a raiz que agr. Como as Ìyàmi autorizaram esses filhos de Òrúnmìlà naqule dia, todas as coisa que eles fizerem agirão. Mas naquele dia eles chamarão co voz triste o canto indicado, para que Olorun deixe essas pessoas realizar esta boa tarefa.

Como Orumila ver o segredo de Iya mi em ota

Como Òrúnmilà vai ver o segredo de Ìyàmí em Òtà

Tu me mostras o conteúdo de um grande saco. Eu te mostro o conteúdo de um grande saco. Tu tens, eu tenho. Owúyèwuyè é babaláwo na casa de Òrúnmilà. Ifá é consulado por Òrúnmilà que procura o segredo na cidade das Eleye. Òrúnmilà diz que desta cidade das Eleye aonde ele vai, ele é capaz de conhecer sua base (o segredo)? É ele capaz de trazer dela o bem? Eles (os babaláwo) dizem a Òrúnmìlà que faça uma oferenda. Eles dizem que Òrúnmìlà, antes de ir ver o segredo do que as Eleye fazem no mundo, eles dizem que Òrúnmìlà vá preparar um saco de pano branco. Eles dizem que ele ofereça uma cabeça da serpente oka. Eles dizem que ele ofereça um pombo brando. Eles dizem que ele ofereça quatro nozes-de-cola brancas. Eles dizem que ele ofereça quatro nozes-de-cola vermelhas. Eles dizem que ele ofereça azeite-de-dendê. Eles dizem que ele ofereça giz (efun). Eles dizem que ele ofereça pó vermelho (osùn). Eles dizem que ele ofereça uma cabaça. Eles dizem que Òrúnmìlà prepare tudo isso. Quando Òrúnmìlà preparou tudo isso, eles vêm pegar esse saco de pano, eles o suspendem. Òrúnmìlà diz ah! Òrúnmìlà vai a òtà, chega no meio do mercado, mal òrúnmìlà chegou, eles dizem ah! ah! elas dizem, chegou a comida! Alguém a quem elas querem matar e comer chega. Começaram todas elas a falar. Èsù (que faz o bem e o mal) (que faz todas as coisas). Èsù se transforma rapidamente, então ele se tornou uma pessou. Ele vai chamar todas Àjé que estão Òtà. Ele diz ah! ah! ele diz, Òrúnmìlà. Ele diz, o pássaro de Òrunmìlà. Ele diz, é mais poderoso que todas vós. Ele diz reuni todos os vossos pássaros, vós o reunireis perto dele, que ele possa receber o poder junto a Òrúnmìlà. Elas dizem, este homem tem um pássaro? Èsù diz, Òrúnmìlà tem um pássaro. Ele diz, é maior que todos os de Òtà. Todas elas começam a juntar seus pássaros. Começaram a levá-los até Òrúnmìlà. Assim Òrúnmìlà tem todos os pássaros reunidos em torno dele. Quand
Assim que ele senta, elas dizem que não querem tirar seu mau-olhado do corpo de Òrúnmìlà. Elas dizem que lutarão com ele. Elas dizem que estão encolerizadas porque ele conhece seu segredo. Elas dizem, eles querem, por esta forma, conhecer o segredo delas. Elas dizem, se pegarem Òrúnmìlà, elas o matarão. Ele vai chamar os babaláwo. Òrúnmìlà vai informar-se. Ele vê Tèmáiyè. Se o babaláwo da casa não pode escutar ifá, vai se fazer uma consulta fora. Ifá é consultado no dia em que estas Eleye dizem que o matarão. Elas dizem, tu Òrúnmìlà és aquele a quem as Eleye vão matar, as Eleye querem matar-te. Eles dizem a ele que faça oferendas. Eles dizem a Òrúmìlà que, naquele dia, prepare ekujebu (caroço muito duro). Dizem que tenha também um frango òpìpì (frango de penas arrepiadas). Dizem também que tenha um èko (purê de milho enrolado em uma folha). Eles dizem a Òrúnmìlà que tenha 6 shilings. Então Òrúnmìlà age assim. Quando ele terminou, eles vão com todas essas coisas, com elas vão consultar ifá para Òrúnmìlà, eles vão chamar. Quando chamaram, para que elas comam, elas voltam a dizer que querem pegar Òrúnmìlà, elas vêm vigiar Òrúnmìlà até que, elas não vêem mais Òrúnmìlà para pegá-lo. Quando elas não o vêem mais para pegá-lo, elas dizem, Òrúnmìlà, elas dizem, como faremos para ver-te e pegar-te? Ele diz Àjé não é severa, ela não pode comer ekujebu, vós de modo algum, podeis matar-me. Ele diz, o frando òpìpì não tem asas para voar sobre a casa, elas não podem matar-me. Isto foi o que Òrúnmìlà fez na quele dia, para que elas não sejam capazes de matá-lo, quando Òrúnmìlà foi a Òtà para ver o segredo delas
Tiramos (a água) na frente, tiramos (a água) atrás. Ifá é consultado por 201 pessoas, que do céu vieram para a terra. Ifá é consultado por 201 proprietários de pássaros, que do céu vieram para a terra. Quando essas 201 pessoas chegam, eles (os babaláwo) dizem para preparar uma cabaça para cada uma delas. Foi em Òtà que elas chegaram pela primeira vez, elas nomeiam uma pessoa Ìyálóde em Òtà, aquela que quer receber (um pássaro) leva sua cabaça para junto dela. Ela diz que quer receber seu pássaro. Ele está colocado dentro. Quando ela colocou o pássaro dentro, a cabaça é coberta e lhes é entregue. Esta cabaça que lhes é entregue, elas tomam conta dela em sua casa. Quando elas a arrumaram em sua casa, não é qualquer um que pode saber o lugar onde elas a puseram, a menos que seja alguém que tenha uma cabaça. Talvez esteja (em cima do) teto. Elas podem colocar ao lado da parede. Elas podem cavar o chão para a colocar ali. Elas sãos as únicas a saber o lugar onde a cabaça está guardada, quando ela lhes é entregue. Quando elas lhes são entregues, cada uma leva a sua, vai colocá-la no lugar que ela viu. Quando elas querem enviar Eleye em uma missão, elas abrem a cabaça esta Eleye voa para fora da cabaça, vai cumprir a missão aonde ela é enviada, talvez em Lagos, talvez em Ibadan, talvez em Ilorin, talvez em Sapele, talvez em Londres. Talvez no país do rei. Todos os quatro cantos do mundo são os lugares para onde elas a enviam. Quando, desse modo, elas abriram a cabaça. Este pássaro voa e vai cumprir sua missão. Se elas dizer que é para matar alguém, eles matam. Se elas dizem que é para levar os intestinos, ficam à espreita de alguém. Quando elas estão espreitando para rasgar seu ventre, a pessoa não sabe que elas querem levar seus intestinos. Se ela estiver grávida, eles retiram a gravidez de seu ventre. Eles vão executar o trabalho de que estão encarregados.
Quando terminarem este trabalho, voltam novamente para esta cabaça. Elas tornam a cobri-la. Quando elas a cobriram, cuidam de a colocar novamente em seu lugar. Elas não lutam mais sozinhas, a menos que queiram ir à sociedades delas. No momento em que retorna, este pássaro assim fala com sua proprietária, “o trabalho que me mandastes fazer, eu o fiz”. Se esta pessoa possui um remédio contras as Àjé, ela é capaz de dizer, “que aquela que vos enviou para me pagar, não me pegue”, tento pegar, pegar, pegar, mas não sou capaz de pegar. Se me enviardes a pegar alguém (que não possua este remédio) eu o pego. Aquela que possui um pássaro vai então para o meio da sociedade, ela diz então que ela enviou um mensageiro em missão, ela fez este trabalho contra ele, ela levou este trabalho para o meio da assembléia, porque ele não pode trabalhar sozinha. Quando elas assim falaram, aquelas que ficam compartilham as coisas. O sangue da pessoa que ela mandou (pegar) ela o leva para o meio da sociedade, todas as suas companheiras o querem tocar com suas bocas. Quando elas tomaram juntas este sangue, elas se separam. Quando elas se separaram, chegou o dia seguinte, chegou a noite seguinte, elas enviam novamente o pássaro. Elas não deixam dormir (sua vítima) este pássaro pode pegar um chicote, pode pegar um porrete, pode pegar uma faca, pode torna-se uma alma do outro mundo, pode torna-se uma òrìsà. Para ir pôr medo naquele para o qual elas o enviaram. Tal é a história destas Eleye! É assim que elas são!

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Nascimento de osagion

O NASCIMENTO DE OXAGUIÃ

Nasceu dentro de uma concha de caramujo. Não tinha mãe. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido e sem rumo.

Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado. Apesar de feliz com sua nova cabeça branca, ela esquentava muito, e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos. E sofria muito.

Um dia encontrou a morte (iku), que lhe ofereceu uma cabeça fria. o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo com o orixá.

Então Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça branca, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas.

A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.
OXAGUIÃ O SENHOR DA GUERRA E DA PAZ
ÓTIMA SEXTA-FEIRA
🐚🐚🐚🐚🐚🐚🐚🐚💙💙💙💙💙💙💙💙

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Osetura

OXETURA

REZA DE OXETURA
Oxetura lodafun Unbatinló leajá benifó tete no nixó inbá oiyni afere wewé. Aiyagbá
didé afere wewé. Oxetura omi unsoro atie Axá Olodumare ebó omó Ire Odara.
Este Odu surgiu do encontro de Oxe com Otura.
Em seu nascimento cercado de mistérios, Oxetura restaurou a harmonia que havia
sido rompida entre os dezesseis Agaba Odu e o poder gerador feminino representado por Oxun
Iyagbá, salvando o mundo da destruição e do retorno ao caos.
Oxetura foi gerado no ventre de Oxun Iyami Ajé, matriarca das mães ancestrais que
possui o poder mágico inerente ao Axé do elemento feminino, representado pelas penas do
ekodidé.
Este Odu é o resultado da interação deste poder com o poder genitor masculino, do
qual Obatalá é o detentor, aqui representado pelo Axé contido nos dezesseis Agba Odu.
É o caminho único utilizado por Exú em sua função de Elejigbo, o transportador de
sacrifícios.
É um Odu, como os outros 256 do elenco de Ifá, e não um Exú, como afirmam
pessoas que nada sabem dos mistérios de Ifá.
É o caminho dos ebós de todos os outros signos, e por este motivo é chamado
também de "Ebó Adá" - o que garante a eficácia do ebó.
Oxetura, assim como Exú, é a boca que fala tanto o bem como o mal. Aceita todas as
cores e todas as ervas lhe pertencem.
A palavra de Oxetura sempre se cumpre.
É um Odu de muita riqueza material e espiritual.
Por ele falam Exú, Iroko, Oduduwa, Obatalá, Oxun, Nanan, Xangô, Ibeji e Omolú.
As Pessoas deste Odu são colocadas em perigo de vida pela própria mãe ou esposa.
Este Odu é o representante de Exú na terra e é o caminho que o conduz aos pés de
Olodumare.
Representa e expressa uma das mais importantes de Exú Elegbara, dono e
controlador das oferendas ritualísticas.
Assinala enfermidades na boca e na garganta, aftas, faringites, laringites, etc.
A pessoa é achacada de roubos, não deve ter contato com ladrões e lava a culpa de
coisas que não fez.
Quando traz osogbo a pessoa deve viajar par desviar a atenção dos seus inimigos.
É orgulhosa e por este motivo todo o mundo está em guerra com ela.
Aqui nasceu Adamú filho de Oduduwa e pai de Inle. Seu culto é feito com máscaras e
trajes apropriados.
Proíbe aos seus filhos comerem galo, milho e todas as comidas de Omolú.
Na guerra Oxetura oriente aos dois contendores para que se defendam um do outro.
Aqui nasceu a guerra entre a vida e a morte.
Aqui criou-se a arte de matar em legítima defesa.
O mundo se divide em dois aspectos: Vida e morte.
Aqui tentaram matar Olofin e, para defendê-lo Orunmilá fez um ebó com um boneco,
uma agulha, pó de efun, pó de carvão, um galo, um bode, obí, orogbo, pó de peixe, pó de ekú,
etc...
Aqui Obatalá cria os seres e Oduduwa coloca-lhes espírito.
É neste caminho que baixa o espírito ao espermatozóide humano.
A pessoa está sendo combatida sem saber e pode ser vítima de um roubo.
Para melhorar a sorte tem que oferecer um galo ou uma galinha ao espírito do poço.
Tem que mandar rezar missa aos familiares falecidos.
Não deve construir castelos no ar, alimentar ilusões vãs, para não sofrer desilusões.
Sua prosperidade só ocorrerá depois que sua mãe fizer santo ou cumprir suas
obrigações para com eles.

Ika meji

Ìká mèjì

Quando Ọmọlu (Espírito das doenças infecciosas) atingiu a idade de Akoko ti òkúnrin (puberdade) foi levado para a selva para Ilana òkúnrin Isin (Ritual de transição).
Neste dia, os anciãos resolveram levar o ọbẹ (faca).
Quando chegou a hora de fazer as marcas tribais em Ọmọlu, o mais velho usou uma faca sem corte.
Ọmọlu ficou com cicatrizes grandes e feias no rosto.
Em sua ira Ọmọlu fez oferendas aos Orisá que se apiedaram dele.
Eles lhe deram o Apo onísègùn (cabaça de medicina).
Toda vez que ele balançava sua cabaça, a varíola invadia a aldeia e os que estavam perto dele também sofriam com as cicatrizes.

Comentário:
Ifá ensina que a negatividade do mundo é criada por aqueles seres humanos que deixam de aspirar ao desenvolvimento e o bom caráter.
Dentro de Ifá não há nenhuma força que possa ser considerada intrinsecamente má.
O resultado do desenvolvimento do mau caráter pode ser um distúrbio no equilíbrio e harmonia naturais. Este distúrbio pode tomar dimensões tão grandes que pode parecer um espírito demoníaco se originando.
Nesta história, a varíola é atribuída às ações de Ọmọlu em função da irresponsabilidade dos idosos.
A implicação aqui é que as doenças infecciosas foram desenvolvidas como resultado da indiferença aos princípios fundamentais de respeito humano e à higiene. Tradicionalmente, as cicatrizes tribais são feitas com cuidado e consideração. É impensável se usar uma faca cega. Quando o impensável aconteceu, desenvolveu conseqüências negativas.
Para usar a mesma analogia, se a água está contaminada com resíduos químicos de forma consistente, eventualmente tornar-se intragável.

Òrìsá diz que todas as coisas que esta pessoa tem,
Eles vão dividir ao meio,
Se eles não quiseram perder tudo.
Òrìsá diz que todas as coisas que ele tem em sua casa devem ser divididas em dois para o sacrifício,
Como Òrìsá disse.
Òrìsá diz que é por causa da sua vida que esta pessoa jogou os cauwris.
Òrìsá diz que ele deve ir e oferecer uma cabra.
Você não vê o caminho que Òrìsá diz que isto acontece?
A praia inclina-se para dentro do mar, o mar seca1.
Foi quem jogou para o Dono da Água Quente e compartilhou com Dono da Água Fria.
Eles disseram:
O que podemos fazer para que nossas vidas possam ser prazerosas?
Eles disseram que eles deveria fazer um sacrifício.
Quando Òşún ofereceu seu sacrifício, ela ofereceu água fria;
Quando Sòponnà ofereceu seu sacrifício, ele ofereceu água quente.
Quando ele pegou o filho de alguém, ele o imergiu em água quente,
E eles disseram:
Que há de errado?
Eles disseram:
Nosso filho tem febre.
E eles dizem:
Venha aqui e ali atrás e peça ajuda.
Quando eles deram a ela óleo de palmeira,
Quando eles deram a ela todas as coisas.
Òşún vai pegar a criança e imergi-la em água fria;
E eles dirão:
Há! Olorun fez isto.
Quando eles foram para Òşún, a criança ficou fria.
Eis como eles começaram estas duas divindades.
Eles dançavam, eles se alegraram
Eles louvavam os divinadores,
E os divinadores louvavam Òrìsá
Que os divinadores falaram a verdade.
A praia inclina-se para dentro do mar, o mar seca.
Jogou para Dono da Água quente e compartilhou com Dono da Água Fria.
Eles dois estavam vindo do Céu para a Terra.
Eles disseram:
Nós ouvimos e oferecemos o sacrifício;
Nós aplacamos os deuses;
Não falta muito, não está muito longe,
Você me verá em abundância de bênçãos.
_________________
1. Isto é uma charada cuja resposta é farinha de inhame (èlùbó) que é derramada em água quente enquanto a água é absorvida.

Oturuupon meji

Òtúúrúpòn mèjì

Osonyin (Espírito das folhas) desafiou Ọrùnmìlá (espírito do destino) para uma competição no dia que as pessoas perguntavam quem era o mais forte, Ewe (ervas) ou ebo (oferendas ao espírito).
Ọsànyín disse: "Deixemos ambos enterrados no subsolo por ano para ver quem sobrevive." Ọrùnmìlá concordou.
Osanyin reuniu todo o seu Oogùn (Medicina) e Ewé (ervas) e adentrou ao buraco profundo que foi coberto com terra.
Òrúnmìlá consultou Ifá e foi aconselhado a levar um caranguejo e um rato como uma oferenda a seus instrumentos de adivinhação.
Òrúnmìlá No primeiro dia Orunmilá ofereceu o rato e caranguejo como tinha sido avisado. O caranguejo cavou em direção a terra até alcançar a água. O rato dirigiu-se à superfície e voltava todos os dias com alimentos. Ọrùnmìlá bebeu água e comeu comida todos os dias durante o ano.
Quando Òrúnmìlá emergiu do buraco, e cavaram o lugar onde Osanyin havia sido enterrado somente encontraram o que restava de seus ossos.

Comentário: Esta é uma das várias histórias sobre a rivalidade entre Ọrùnmìlá e Ọsànyín. A ponto de cada uma dessas histórias é que fazer oferendas aos espíritos é muito mais poderoso que depender exclusivamente da medicina.
Ifá ensina que todas as doenças têm causas espirituais e a única maneira de curar uma doença é eliminar a fonte. O uso da fitoterapia é um dos aspectos principais da disciplina de Ifa, mas também é considerada uma disciplina que apóia a questão mais ampla do alinhamento significativo com o òrìsá e para o desenvolvimento de bom caráter.

Oyèépolú, descendência daqueles que fazem os ritos tradicionais na Cidade de Ifè
Pepe, sacerdote de Ifá do interior da casa;
Òtìtà, sacerdote do exterior da casa;
É o pardal que constrói seu próprio ninho
E coloca sua entrada virada para baixo em curva;
O ninho nem toca a água nem arrasta na terra seca;
Mas, sua entrada aponta para baixo em curva.
Foi quem divinou Ifá para Oyèépolá,
Descendência daqueles que fazem os ritos tradicionais de Ifè;
Cuja mãe deixou todos sozinhos,
Quando ela era muito jovem.
Quando Oyèépolú cresceu,
Ele não sabia todos os ritos de sua família.
Sua vida tornou-se confusa.
Ele procurou uma esposa para casar-se, mas não achou nenhuma.
E ele não tinha paz na sua própria casa.
Ele, portanto, juntou dois cawris com mais três.
E foi a um divinador fazer divinação.
Foi lhe dito que era por causa dos ritos tradicionais da sua família
Que ele havia esquecido,
Que ele estava naquela confusão.
Foi dito a ele para ir as sepulturas dos seus pais,
E pedir aos seus ancestrais poder e autoridade.
Depois que agiu assim,
Ele começou a gozar sua própria vida.
Ele teve dinheiro,
Ele desposou uma mulher,
E ele também teve filhos.
Ele disse que foi exatamente como seus sacerdotes de Ifá previram.
Pepe, sacerdote de Ifá de dentro da casa,
Òtità, sacerdote de Ifá de fora da casa.
É o pardal que faz seu próprio ninho,
E coloca sua entrada voltada para baixo numa curva;
E ninho nem toca a água nem se arrasta na terra seca;
Mas, sua entrada aponta para baixo numa curva.
Foi quem lançou Ifá para Oyèépolú,
Descendência daqueles que fazem os ritos tradicionais em Ifè;
Oyèépolú não sabia nada.
Se o óleo é a primeira coisa a ser colocada no chão,
Eu não sei,
Se o obí é a primeira coisa a ser colocada no chão,
Eu não sei.
Se o vinho é a primeira coisa a ser colocada no chão,
Eu não sei.
Oyèépolú nada sabia.
Todas as divindades e ancestrais do céu,
Apressem-se aqui,
E nos ajudem a fazer este ritual.

Osebara

OXEBARA
REZA DE OXEBARA
Oxebara Awo Shexeré adifafun Lobá Fiferekú tolumá ku oguede Alafia.
Este Odu é filho de Oxe e Obara.
Quando Ikú desejava levar a bananeira que já havia dado frutos, foi este signo que
Awo Shexeré encontrou numa consulta feita para a planta. Xangô que era o rei daquela terra, e
que havia saído em busca de coisas boas, ordenou que a bananeira fizesse ebó com dois
pombos e um xeré adornado de búzios para que se livrasse da morte.
Neste signo o xeré de Xangô é carregado com bico e unhas de galo, 16 favas de
bejerekun, 16 sementes de urtiga e muito pó de osun.
Quando o Awo deseja vencer seus adversários e evitar o mal que estes lhe fazem,
deve colocar Elegbara sobre iyefá com a marca de Oxebara, sacrificar-lhe um galo (chamando o
galo pelo nome do arajé) e rezar este Odu.
A pessoa pede alguma coisa e se assusta quando a obtêm.
Aqui nasce o transtorno da personalidade. A pessoa deseja ser Babalawo e muda de
religião, mas seu verdadeiro caminho está no culto aos Orixás.
Tem que levar Oxun ao rio e, se tem Awofakan ou Akofá, deve levar seu Igbá
Orunmilá junto e ali, dar comida a eles para livrar-se de todo o mal e ter sorte na vida.
Fala de um Egun que morreu de fome e que fica parado na porta da casa da pessoa
esperando que lhe dêem comida.
Tem que oferecer um peixe fresco enrolado num pano estampado para este Egun.
Tem que fazer ebó com uma franga e nove fitas de diferentes cores, depois do ebó
tudo deve ser enterrado.
Este Odu fala de um cofre cheio de moedas.
A pessoa tem que ir à uma igreja levando uma lagartixa enrolada num algodão,
assistir à missa e depois, sair, passar o algodão com a lagartixa no corpo e despachar na
sepultura de um padre, pedindo tudo o que deseja obter na vida.
Marca-se Oxebara na terra e sacrifica-se, em cima, um galo branco para Ogun
Este Odu manda dar comida a Egun, periodicamente, na porta de casa.
Assinala doenças como: Úlceras estomacais, problemas da vesícula, úlceras de
duodeno, doenças cardíacas e das veias.
O dono deste signo é espírita e adivinho. Tem que fazer Ifá.
Tem proteção espiritual muito poderosa e repleta de luz.
Atrás de sua porta tem um Egun de guarda que jamais entra em casa, deve colocar
uma quartinha, atrás da porta, com água e pedacinhos de coco, despachar para a rua e
substituir a cada nove dias.
Tem que assentar Osain.
A língua é o chicote do corpo.
Quando seus filhos crescem, vão embora de sua companhia.

Irosoyeku

IROSOYEKÚ
REZA DE IROSOYEKÚ
Irosoyekú, Irosokalelu, ko ni awo efá abé lalá belé lelé maká dakpare ré Ifá
Onibarabaniregun, awo Obayá pelé Ikú.
Neste signo nasceu mudança de vida.
Este Odu é filho de Irosun e Oyeku.
Aqui, pela primeira vez, se sacrificou um animal a Ikú que, até então, só comia seres
humanos.
A pessoa deve evitar emoções fortes para não sofrer parada cardíaca.
Tem que dar comida ao seu Olori, tomar borí com um galo e colocar um ekodidé na
cabeça.
Não deve sair para a rua durante a noite.
É protegida por Osain e Exú.
Sofre de problemas ocasionados por ciúmes entre os parentes de Santo.
Corre o risco de perder uma propriedade.
Assinala úlceras no estômago e falsa gravidez.
A pessoa não pode ter, em sua casa, potes e garrafas vazias destampadas
Antes de abrir a porta de sua casa tem que ter o cuidado de verificar quem está
batendo.
O Awo deste signo tem que assentar Oduduwa.
Quando surge este signo, pode estar acusando a morte de um Babalawo.
Se marcar osogbo Ikú a pessoa deve procurar uma foto sua, tirada na companhia de
alguém que já morreu. Separa a sua figura da figura do morto para que, aquele Egun, não venha
buscá-lo.
Em osogbo arun pega-se um porrão grande de barro, veste-se com uma roupa usada
do doente e coloca-se atrás de sua porta até que fique bom. Isto serve para enganar Ikú.
Assinala mudança de vida. Faz-se ebó para que seja para melhor.
A pessoa não pode usar roupas vermelhas.
Tem que tratar de Exú e pedir-lhe tudo o que deseja obter na vida.
Assinala dificuldades que só serão vencidas com empenho e dedicação.
Fala de perseguição do Egun de uma pessoa conhecida.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Criação do mundo na visão yoruba

O CONCEITO DA CRIAÇÃO SEGUNDO A TRADIÇÃO IORUBA.
O conceito de Ifá acerca da criação
Cosmologia é o estudo da estrutura do universo que procura descobrir os princípios da essência que sustenta a Criação. A Cosmologia de Ifá é baseada na crença de que o microcosmo (ambiente imediato) é uma reflexão do macrocosmo (o universo). Isto significa que as forças que criaram as estrelas e as galáxias também criaram a Terra, incluindo as plantas e os animais que se desenvolveram no planeta. Devido a esta seqüência, Ifá ensina que todo problema enfrentado pelos humanos tem uma contraparte análoga em todas as esferas de existência. As escrituras de Ifá descrevem freqüentemente os problemas encontrados por animais e plantas com a suposição básica que a condição humana encontra as mesmas lutas para sobreviver.
Uma das funções da divinação é identificar os meios pelos quais as forças universais se manifestam na vida quotidiana. Isto é feito através do uso do mito. Devido o mito fazer uso de elementos metafóricos, um conhecimento de símbolos torna possível ao divinador relacionar determinado mito a uma dada situação. O paradigma cosmológico fundamental que Ifá utiliza para interpretar símbolos é a crença que a manifestação do Universo é o resultado do equilíbrio entre polaridades.
A maioria dos sistemas metafísicos são baseados na crença que a polaridade primordial que sustenta o universo físico é a tensão entre contração e expansão. Em Ifá, essa polaridade é freqüentemente descrita como a relação entre escuridão e luz. Este relacionamento não é considerado como um conflito entre as de forças do “bem” e as forças do “mal”. A polaridade entre expansão e contração é entendida como sendo a qualidade fundamental da dinâmica e forma como eles existem na Natureza.
Usando o sistema divinatório de Dafa, expansão ou luz é representada por um traço vertical (I) e contração ou escuridão é representada por dois traços verticais (II). Utilizando o sistema divinatório que faz uso de búzios, luz é representada pelo lado côncavo aberto da concha e escuridão pelo lado convexo da mesma. A curva do lado convexo forma uma barriga. Na pratica, essa barriga é removida, expondo uma coluna única abaixo do centro. Este lado do búzio é chamado de “estomago” ou “inú” em yoruba. O lado côncavo possui dois lábios que se curvam para dentro com uma abertura no meio. Este lado da concha é chamado de “boca” ou “enu” em yoruba.
A cosmologia de Ifá ensina o princípio que luz vem da escuridão e escuridão vem da luz. Ela também ensina que todas as coisas existentes são uma manifestação do ase. A palavra yoruba ase possui vários significados. Em um contexto cosmológico, é a Força que sustenta a Criação. A manifestação primordial do ase seria a Força invisível que cria tanto luz quanto escuridão. A Física chama esta força de eletromagnetismo. Todas as coisas no universo material geram campos de força eletromagnéticos. As forças eletromagnéticas que se expandem além de suas fontes geram um campo de radiação que abrangem o espectro visível da luz. As forças eletromagnéticas que se contraem pelo movimento em direção a sua fonte desenham luz fora do espectro visível dentro da escuridão. Na Natureza, um padrão energético (ase) forma uma esfera. Toda a coisa desde o menor átomo até a maior das estrelas contém forças de expansão e contração em uma arena esférica.
O formato esférico da maioria dos padrões energéticos é representado na divinação em Ifá pelo uso de um círculo bidimensional em forma de tabuleiro (Opón Ifá). O Mérìndinlogun geralmente representa a esfera numa peneira (Àté Òrìsà). Toda esfera é definida pela distância entre seus pólos e seu equador. Os pólos e o equador são determinados pela colocação de uma linha horizontal e outra vertical em seus ângulos retos passando pelo centro da esfera. Estas linhas em Dafa são traçadas no pó de iyerosun que é espalhado na superfície do tabuleiro. Estas linhas no Mérìndinlogun são traçadas no pó de efun que é espalhado sobre a peneira. Isto resulta em uma imagem que é uma representação bidimensional de uma realidade tridimensional:
Usando Dafa, o padrão simbólico para luz pura seria uma linha simples em cada um dos dois pólos e em cada extremo do equador como na figura:
Quando estas quatro linhas são postas juntas, formando uma única coluna, elas se tornam uma notação linear que é utilizada para representar uma realidade tridimensional específica. O símbolo para luz é como segue:
I
I
I
I
Pelo mesmo processo, a representação simbólica para a esfera de escuridão seria uma coluna com quatro linhas duplas:
II
II
II
II
Em adição aos pólos e ao equador, toda esfera possui um centro chamado núcleo, que forma um coração oculto dentro dos limites de outra camada exterior. O núcleo de uma esfera também forma uma esfera no ponto onde as linhas dos pólos e equador se cruza.
Dafa utiliza duas linhas verticais para representar o limite externo e o núcleo interno dos padrões de energia que existem na Natureza. Usando exemplos já dados, uma esfera de luz com luz em seu núcleo seria representado por duas colunas de linhas simples. Na divinação em Ifá este símbolo é chamado “Ejí Ogbe” ou “Ogbe Meji”. Ele aparece da seguinte maneira:
I I
I I
I I
I I
Os padrões são lidos da direita para a esquerda. O lado direito é o exterior visível e o lado esquerdo é o interior invisível. Em termos metafóricos o lado direito é masculino e o lado esquerdo é feminino. Em Ifá, a associação entre expansão, luz e energia masculina e a associação entre contração, escuridão e energia feminina é relatado na natureza expansiva e contrativa dos órgãos reprodutores masculinos e femininos. Um não é considerado melhor que o outro. A polaridade entre expansão e contração, entre claro e escuro e entre macho e fêmea são todos vistos como os princípios dinâmicos que geram diversidade no interior da Criação.
Para representar uma esfera que é escura na circunferência e clara em seu núcleo, Dafa utiliza duas colunas de linhas duplas. Na divinação em Ifá este símbolo é chamado “Oyeku Meji”.

II II
II II
II II
II II
Utilizando estes dois exemplos, é possível fazer uma representação simbólica da Terra. A bola de fogo no centro da Terra seria representada por uma coluna de linhas simples situadas ao lado esquerdo do octograma. A superfície da Terra seria descrita como luz que foi transformada em matéria e seria representada por uma coluna de linhas duplas. Em Dafa apareceria da seguinte maneira:
I II
I II
I II
I II
Novamente, usando as mesmas técnicas, nós poderíamos fazer uma imagem simbólica do Sol pela representação da luz que emana de sua superfície como uma coluna de linhas simples ao lado direito do octagrama. O combustível no centro do Sol contrai luz, formando uma massa de partículas que seria representada por uma coluna de linhas duplas ao lado esquerdo do octograma. Em Dafa apareceria da seguinte maneira:
II I
II I
II I
II I
Dentro da religião de Ifá, é creditado ao Profeta Òrúnmilà o uso deste sistema para simbolizar o espectro de polaridades que existe na Natureza. Em dias anteriores à colonização a marcação do Odu foi usada como uma forma de linguagem escrita. Foi e é possível transmitir uma série complexa de idéia pela marcação do Odu com giz ou carvão em um pedaço de cerâmica. Mensagens foram trocadas entre sacerdotes utilizando variações neste método da mesma maneira que alguém escreveria uma carta nos tempos modernos. Em yoruba esta forma de comunicação é chamada “àrókò”.
O simbolismo em Dafa é baseado no uso de elementos binários. Isto significa que ele é construído sobre dois componentes. Os elementos binários são uma linha simples e uma linha dupla. Estes componentes são agrupados em duas colunas reunindo quatro elementos cada. Esta é a mesma estrutura matemática que é utilizada para programar os computadores modernos. A maior diferença é que uma é formada por linhas simples e duplas e os computadores utilizam impulsos 0/1 elétricos para formar elementos binários. Ambos os sistemas fazem uso de octagramas como uma estrutura para armazenamento de informações. Nesta estrutura, cada quadragrama possui dezesseis variações (4 x 4). Pela combinação de dois quadragramas formamos um octagrama, há 256 combinações (16 x 16). Na cultura Yoruba, Dafa é usado como um meio não mecânico de armazenamento de informação. Como um novo discernimento foi acrescentado em uma esfera particular da Natureza, esta informação foi reunida e adicionada aos versos de um octagrama particular associado a uma esfera em particular da Natureza, exatamente como informação e unida e armazenada sob tópicos específicos em um moderno computador.
Ifá chama de Odu “cada um dos 256 octagramas usados em Dafa”. O uso do Odu como um paradigma para estudo e catalogação de Forças na Natureza é uma tentativa precoce em formular um modelo científico que explique dinâmica e forma no universo. O que na superfície pode parecer um conjunto relativamente simples de símbolos é de fato um mapa muito complexo da estrutura da realidade como percebida pelos ancestrais que formularam os conceitos associados a cada Odu. De acordo com a cosmologia em Ifá, a fonte da Criação é Olorun. A palavra Olorun traduz-se como “Senhor do Paraíso”. Senhor é usado aqui no sentido metafísico de possuindo um segredo ou sendo a Fonte de um Mistério. Na cosmologia em Ifá, Céu é o reino invisível que guia a evolução. Olorun é o Mistério da Fonte que é considerado estar por trás da compreensão humana. Quando Ifá descreve Forças na Natureza, se refere àquelas manifestações invisíveis da Criação que se acredita fluir de Olorun. Todos os espíritos que são reconhecidos por Ifá são considerados como aspectos conhecidos de Olorun, enquanto a essência de Olorun permanece um Mistério.
Quando o universo passou a existir no momento da Criação, foi Olodunmare quem deu a tarefa de sustentação para tudo aquilo. Olodunmare vem da raiz Olo Odu, significando “Senhor do Odu” ou “Senhor dos Primeiros Princípios”. Mare é a contração de Osumare que é o espírito do Arco-íris. Na Natureza, o Arco-íris é uma das mais puras manifestações da luz. Olodunmare poderia ser traduzido como “A Fonte das Forças na Natureza geradoras do espectro da luz”. Como Senhor do Odu, Olodunmare pode ser descrito como Caldeirão Místico que contém todas as formas potenciais que se manifestam a partir da Criação.
Como Força Espiritual, Olodunmare existe em polaridade com o espírito Ela. Não há uma tradução direta para a palavra Ela. Alguns dos mais velhos em Ifá dizem significar “Pureza”. Outros dizem significar “Aquele que cria”. Quando estas formas que existem em potencial no útero de Olodunmare se manifestam, é Ela que sustenta esta manifestação. Em termos simbólicos, Ela trás a luz da Criação para fora da escuridão do Útero da Criação.
A tarefa de moldar a Criação foi conferida originalmente a Obatala. A palavra Obatala significa: “Senhor das Vestes Brancas”. O termo “Vestes Brancas” é referencia a substância primordial que forma o alicerce do universo físico. A Física ensina que a primeira manifestação de dinâmica no universo foi luz. No ponto de vista Ocidental, Obatala pode ser compreendido como a essência da luz. A ciência moderna ensina que a evolução é um processo de transformação da luz solar em meio planetário. Evolução é a reorganização da luz solar para as multidimensões da vida na Terra.
O mito de Ifá diz que a tarefa de moldar a Criação foi dada a Oduduwa por Olodunmare após Obatala se embriagar. A polaridade entre Oduduwa e Obatala é a expressão simbólica da teoria Ocidental cientifica que luz forma matéria e que matéria dissipa-se na luz. Ifá expressa o mesmo conceito pela afirmação que luz provem da escuridão e que escuridão provem da luz. A referência à bebedeira de Obatala é uma expressão simbólica da observação de que o movimento da luz para escuridão e vice-versa nem sempre tem lugar em uma progressão uniforme.
As imagens utilizadas para representar os Odu podem ser consideradas cópias dos modos pelos quais a transmissão entre luz e sombra ou expansão e contração têm lugar. A essência dos Odu é a expressão de uma idéia científica que matéria nunca se cria nunca é destruída, é simplesmente transformada.
De maneira a compreender a natureza do Odu em sua manifestação primordial, é de grande auxílio representar a Criação como é simbolizada, tanto no tabuleiro de Ifá quanto no Mérìndinlogun:
Desta representação simbólica da Criação é possível iniciar o processo de visualização dos relacionamentos primordiais representados pelos Odu. Olodunmare é a Fonte de movimento e forma, o universo oculto em potencial. Ela é a manifestação de movimento e forma como ele existe no momento presente. Obatala é a fonte de luz e Oduduwa é luz transformada em matéria. A Fonte de Equilíbrio no universo é Olorun, o núcleo invisível do qual a Criação emerge. Neste paradigma, equilíbrio é o elemento chave. Forças opositoras que coexistem em um estado de equilíbrio geram o ase (poder) necessário para dar nascimento ao próximo estágio da evolução
Às forças espirituais que passam a existir como resultado das polaridades entre Olodunmare e Ela é chamado Imole. Os Imole são aquelas Forças invisíveis que guiam a interação entre luz e matéria. Através dos Imole, os Odu que existem no útero de Olodumare manifestam-se como Força primordial na Natureza