Na tradição kétu, a integração da criança na comunidade religiosa se processa a partir do parto.
Em uma cerimônia privada ( Ípòrí Íwo ), a placenta é colocada em um recipiente ( isasùn ), uma vasilha com tampa pintada com cores e desenhos que relembram ancestralidade, espirais e zique-zaques em preto, vermelho e branco, que em seguida é enterrada com búzios e mariwo em algum lugar afastado, muito provavelmente, embaixo de uma árvore.
Idodo (cordão umbilical), também será colocado, mas tarde, no mesmo local.
Daí sairá, anos depois, um amuleto coberto de couro que conterá a terra, e mais material mágico simbolizando o okè ípòrí, porção de sua matéria ancestral que acompanhará a pessoa por toda vida, proporcionando proteção e poder.
No ojo bi (dia do nascimento), o bebê e a mãe serão visitados em seguida ao parto por um sacerdote, que através do opele Ifá, do merindilogun, fará previsões para o Omo titun (recém-nascido).
Nesta ocasião, será verificado se a criança é a volta de espírito ancestral materno ou paterno, quais os ewos, tabus a serem respeitados particularmente pelo bebê, além dos ewos familiares, nos quais ele está incluindo desde o nascimento.
Indaga-se também, qual o Orixá protetor do recém-nascido, e suas futuras obrigações para com ele.
O sacerdote verifica se o ebó (oferenda) deverão ser feitas para o início da vida do bebê, se ele fez uma boa escolha de destino, e se seu nome deverá ser particularmente ligado a um acontecimento ou a um Orixá.
O Ikomojádê é a cerimônia de dar o nome ao recém nascido, feita no nono dia para um menino, no sétimo para uma menina e no oitavo para gêmeos, e é realizada no templo ou na casa da família.
Nesse dia, pela primeira vez, é pronunciado em público o nome do Omo titun. E ele também, pela primeira vez, é suspenso as costas da mãe, modo pelo qual deve ser usualmente carregado, criando um liame maior de amor e união, e na forma prática, liberando as mãos da mãe para as atividades do dia a dia.
É escolhido um casal de padrinhos para a criança, que se comprometem a cria-la na falta dos pais. Ebós serão feitos, para propiciar um bom início para o bebê, a Exu que é o começo de todas as coisas, ao Orixá protetor da família ou do templo, a Oxum que zela pelas crianças desde o útero até que saibam se exprimir em qualquer língua sem auxilio materno, e ao Orixá protetor da criança.
Uma mulher bem velha joga água por todo lado, no telhado, no portão, e reza:
Omi tútù, ilé tútù, ilèkùn tútù, Omo titun tútù, gbo gbo tiwa tútù.
A água fria é colocada no centro do templo, e todos ficam em volta dela de acordo com a hierarquia.
Sobre uma esteira estão os alimentos que serão usados durante o ritual. A criança é erguida e mostrada a todo o egbe (comunidade).
Seus pais se levantam e recitam suas ancestralidade. O sacerdote se aproxima e declara sua ancestralidade entoando, ao mesmo tempo, uma louvação ao recém-nascido.
Pequenas vasilhas com obi, sal, mel, orogbo, dendê, peixe e atare, são apresentadas.
Cada alimento é rezado, e com ele, o sacerdote toca o ori e a boca da criança.
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