Èsú
Inteligente e arguto, Èsú é
o grande mantenedor da ordem, da organização e da disciplina. Defensor da
justiça, bom amigo e bom conselheiro, é também alegre, leal e fiel. Considerado
um dos mais importantes òrìsá do panteão iorubá, Èsú, o Inspetor Geral de
Òlódúmarè e o fiscal dos rituais na Religião Tradicional Iorubá, age associado à
Òrúnmìlá e Ifá que, segundo as narrativas míticas, é o seu melhor amigo.
Relaciona-se com todos os
òrìsá e com todos os seres do reino mineral, vegetal, animal e humano. Está
sempre presente nos locais de encontro de caminhos, representados pelas
encruzilhadas. Presente também no encontro com o ayé favorece o equilíbrio entre
forças materiais e espirituais, possibilitando a realização de um bom
destino.
Promove alívio para os
sofrimentos e como lhe foi atribuído poder para manipular o ebo,
pode influenciar no destino humano. Nos rituais de ebo é Èsú quem
propicia a energia necessária à sua manipulação e transporte e é a ele que
compete estabelecer canais de comunicação entre o sofrimento humano, o
ebo e as divindades que o receberão para promover o alívio do
sofrimento humano.
A influência desse òrìsá
sobre um destino, inclusive corrigindo caminhos cuja escolha foi determinada por
um mau Orí, é possível, desde que seus princípios sejam adotados e respeitados:
ordem, organização e disciplina. Esses princípios se manifestam através da
prática de virtudes como lealdade, respeito, coragem, perseverança e
principalmente, paciência.
A ordem surge do caos e a
justiça muitas vezes, decorre da injustiça. Sendo Èsú detentor dos princípios
básicos da paz e da harmonia, a ele compete regular a ordem, impondo disciplina
e organização, opostos da confusão e da desordem. Disciplina e organização
conquistam-se através do exercício da paciência.
Èsú é um personagem
controverso, talvez o mais controverso de todas as divindades do panteão iorubá.
Alguns o consideram exclusivamente mau, outros o consideram capaz de atos
benéficos e maléficos ao mesmo tempo e outros, ainda, enfatizam seus traços de
benevolência. Em grande parte da literatura Èsú é apresentado como um ser
ambíguo, uma entidade neutra entre o bem e o mal ou simultaneamente, bom e mau,
por vezes é apresentado como o inimigo do homem.
Um provérbio iorubá elucida
a respeito dessa atribuição feita ao Òrìsá Èsú:
Olótó
ni òtá ayé.
Aquele que diz a verdade é
inimigo dos seres.
Aponta para o fato de que
Èsú julga e ao manifestar a verdade, nem sempre agradável de ouvir, é
considerado um inimigo.
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