quarta-feira, 3 de abril de 2013

Esu

Èsú

Inteligente e arguto, Èsú é o grande mantenedor da ordem, da organização e da disciplina. Defensor da justiça, bom amigo e bom conselheiro, é também alegre, leal e fiel. Considerado um dos mais importantes òrìsá do panteão iorubá, Èsú, o Inspetor Geral de Òlódúmarè e o fiscal dos rituais na Religião Tradicional Iorubá, age associado à Òrúnmìlá e Ifá que, segundo as narrativas míticas, é o seu melhor amigo.
Relaciona-se com todos os òrìsá e com todos os seres do reino mineral, vegetal, animal e humano. Está sempre presente nos locais de encontro de caminhos, representados pelas encruzilhadas. Presente também no encontro com o ayé favorece o equilíbrio entre forças materiais e espirituais, possibilitando a realização de um bom destino.
Promove alívio para os sofrimentos e como lhe foi atribuído poder para manipular o ebo, pode influenciar no destino humano. Nos rituais de ebo é Èsú quem propicia a energia necessária à sua manipulação e transporte e é a ele que compete estabelecer canais de comunicação entre o sofrimento humano, o ebo e as divindades que o receberão para promover o alívio do sofrimento humano.
A influência desse òrìsá sobre um destino, inclusive corrigindo caminhos cuja escolha foi determinada por um mau Orí, é possível, desde que seus princípios sejam adotados e respeitados: ordem, organização e disciplina. Esses princípios se manifestam através da prática de virtudes como lealdade, respeito, coragem, perseverança e principalmente, paciência.
A ordem surge do caos e a justiça muitas vezes, decorre da injustiça. Sendo Èsú detentor dos princípios básicos da paz e da harmonia, a ele compete regular a ordem, impondo disciplina e organização, opostos da confusão e da desordem. Disciplina e organização conquistam-se através do exercício da paciência.
Èsú é um personagem controverso, talvez o mais controverso de todas as divindades do panteão iorubá. Alguns o consideram exclusivamente mau, outros o consideram capaz de atos benéficos e maléficos ao mesmo tempo e outros, ainda, enfatizam seus traços de benevolência. Em grande parte da literatura Èsú é apresentado como um ser ambíguo, uma entidade neutra entre o bem e o mal ou simultaneamente, bom e mau, por vezes é apresentado como o inimigo do homem.
Um provérbio iorubá elucida a respeito dessa atribuição feita ao Òrìsá Èsú:

Olótó ni òtá ayé.
Aquele que diz a verdade é inimigo dos seres.

Aponta para o fato de que Èsú julga e ao manifestar a verdade, nem sempre agradável de ouvir, é considerado um inimigo.


Por Áwo Fatunmbi

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